Brasília (AE) – Depois de antecipar o pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ficar sem dever mais nada à instituição, o Brasil também poderá encerrar este ano com sua dívida interna cambial (corrigida pelo dólar) totalmente zerada. Em novembro, a dívida cambial foi reduzida em R$ 4 bilhões, atingindo um volume de R$ 31,45 bilhões, segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional e pelo Banco Central (BC). Em termos porcentuais, esse valor representa apenas 3,28% do total da dívida interna, o menor da série histórica. Se O BC mantiver o ritmo com que vem atuando, essa dívida estará reduzida a zero até o fim do ano.

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Se o governo tem o que comemorar com relação ao endividamento cambial, no estoque total da dívida a situação não é favorável. Em novembro, a dívida interna subiu R$ 22,16 bilhões, a segunda maior alta do ano, e atingiu a marca de R$ 959,5 bilhões. Dessa expansão, R$ 9,9 bilhões foram de vendas de títulos (emissão líquida) que ampliaram o caixa do Tesouro. Os R$ 12,2 bilhões são relativos a juros e outros encargos que viraram dívida. No ano, o crescimento da dívida já se aproxima de R$ 150 bilhões. Desse total, apenas R$ 22,9 bilhões são de lançamentos de títulos (emissão líquida) e o restante, R$ 126,3 bilhões, de juros e outros encargos que se tornaram dívida.

Mesmo com esse crescimento forte na dívida, o Tesouro está satisfeito com os resultados obtidos neste ano. O motivo do contentamento é que a dívida tem crescido, mas com um perfil melhor para sua administração. Ou seja, o Brasil deve mais, porém, com melhoria do ponto de vista da capacidade de o governo pagá-la. "O ano foi muito positivo para a administração da dívida", afirmou o coordenador-geral da Dívida Pública, Paulo Valle.

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Dentro dessa melhora de perfil, destaca-se, além da cada vez menor participação de títulos cambiais, o crescimento da participação de títulos prefixados. Esses papéis são considerados de melhor qualidade por terem a taxa de juros definida no momento da compra, o que dá maior previsibilidade para o Tesouro organizar seu caixa. Em novembro, esses títulos chegaram a 26,88% do total da dívida interna, contra 24,48% em outubro e 20,09% em dezembro do ano passado.