São Paulo (Das agências) O setor público conseguiu economizar no 1.º semestre quase R$ 60 bilhões para o pagamento de juros da dívida. O superávit primário, que é a arrecadação do governo menos os gastos com as autarquias municipais, estaduais, federal e as empresas estatais, atingiu R$ 59,950 bilhões, o melhor resultado para o período da série histórica do banco Central, iniciada em 1991. Este superávit acumulado no primeiro semestre já representa praticamente a meta fiscal prevista para até agosto de R$ 60,184 bilhões.
O governo central foi o que mais contribuiu para essa economia, com R$ 40,411 bilhões. Já os estados e municípios tiveram um superávit primário de R$ 13,704 bilhões no semestre. As estatais contribuíram com R$ 5,834 bilhões.
Contudo, apesar de toda esta economia, o valor não foi suficiente para honrar todo o custo da dívida. Só no primeiro semestre, o setor público já pagou R$ 80,128 bilhões em juros, o correspondente a 8,60% do PIB. Com isso, no primeiro semestre do ano, as contas públicas acumulam um déficit nominal de R$ 20,179 bilhões, o correspondente a 2,16% do PIB.
Contribuiu para a elevação desse gasto a política adotada pelo Banco Central, que entre setembro do ano passado e maio deste ano elevou a taxa básica de juros da economia, a Selic, nove vezes. Hoje, a taxa está em 19,75%. Como é essa taxa que corrige mais da metade da dívida brasileira, quanto mais alta a taxa de juros, mais o governo gasta com o pagamento de juros.
Este resultado negativo repete-se também no acumulado dos últimos 12 meses. O superávit primário no período foi de R$ 94,879 bilhões, correspondendo a 5,08% do PIB. Neste mesmo período, as despesas com juros somaram R$ 146,555 bilhões (7,85% do PIB). Ou seja, as contas não fecharam novamente e o setor público registrou no final de 12 meses um déficit nominal de R$ 51,676 bilhões ou 2,77% do PIB.
O desempenho de junho contribuiu para o aumento do saldo negativo das contas do setor público e foi ainda pior do que o mesmo período de 2004. No mês passado, foi verificado um déficit nominal de R$ 5,610 bilhões em junho, ante R$ 1,972 bilhão em junho do ano passado. Esse aumento do déficit é resultado do pagamento de juros que, ao longo do mês passado, somaram R$ 15,234 bilhões.
Trata-se do maior valor mensal observado na série histórica do BC desde janeiro de 2003, quando o montante atingiu R$ 17,631 bilhões. Em maio, os gastos com juros nominais haviam sido de R$ 13,711 bilhões.