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O governo federal elevou de 1,6% para 1,9% sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023. O novo número consta de relatório publicado na tarde desta terça-feira (23) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda.
Segundo o Boletim Macrofiscal, a melhora em relação à estimativa anterior, de março, "reflete a divulgação de indicadores econômicos com resultados melhores do que os projetados para o primeiro trimestre e para o início do segundo trimestre".
A previsão do governo para o crescimento econômico deste ano é bem mais otimista que as do mercado financeiro, embora estas também tenham melhorado. Nos últimos dois meses, a mediana das expectativas de bancos e consultorias para o PIB de 2023 passou de 0,9% para 1,2%, segundo o boletim Focus, do Banco Central.
A agropecuária, que já liderava as projeções, ampliou sua dianteira na nova projeção do governo. A expectativa de crescimento do PIB setorial passou de 10,4% para 11%. Segundo os técnicos da Fazenda, levantamento feito em abril pelo IBGE "surpreendeu positivamente", ampliando a expectativa para a safra de grãos deste ano.
"Além disso, a média diária das exportações de suínos e frangos seguiu crescendo em relação ao mesmo período do ano anterior", diz o documento.
Também aumentaram, mais discretamente, as estimativas para os outros dois grandes setores da economia. Segundo a SPE, a expectativa de alta do PIB da indústria foi revisada de 0,4% para 0,5%, e a dos serviços, de 0,9% para 1,3%.
"Os indicadores antecedentes para o setor industrial vieram em linha com o esperado, mas para alguns subsetores de serviços os valores divulgados foram melhores que os previstos, repercutindo a resiliência do mercado de trabalho e da atividade e ainda políticas adotadas desde o início desse ano, com destaque para o aumento real no valor do salário mínimo e a reformulação do programa Bolsa Família", diz o relatório da SPE.
Além das medidas citadas, os técnicos citam outros fatores que devem ampliar a renda disponível e o consumo neste segundo trimestre: o aumento da faixa isenta do Imposto de Renda e o reajuste residual do salário mínimo, ambos em vigor desde o início de maio, e a desaceleração da inflação.
ICMS da gasolina, jogos de azar e planos de saúde elevam previsão de inflação
A expectativa do governo federal para a inflação também aumentou. O relatório da Fazenda agora aponta para um IPCA de 5,58% neste ano, ante 5,31% no boletim anterior.
Os principais motivos para a revisão, segundo o texto, são o aumento do ICMS da gasolina e os reajustes previstos para jogos de azar e planos de saúde, "apenas parcialmente compensados pela redução anunciada para o preço da gasolina".
O imposto estadual sobre o derivado do petróleo subirá em 24 das 27 unidades da federação em 1.º de junho (veja aqui o aumento em cada estado).