O presidente Lula conversa com o governador gaúcho, Eduardo Leite: governo aumentou projeção para o PIB nacional mas não incluiu na conta impactos da tragédia no Rio Grande do Sul.| Foto: Ricardo Stuckert/PR
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O governo federal elevou sua projeção para o crescimento econômico do país neste ano. Mas, ao mesmo tempo, admitiu não ter considerado nas contas os estragos provocados pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

Em boletim divulgado nesta quinta-feira (16), a Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda reajustou de 2,2% para 2,5% sua previsão de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.

As consequências econômicas das inundações no Sul só devem ser estimadas em futuras projeções da pasta. Por outro lado, a SPE já calculou seu efeito sobre a inflação – que deve ser maior que a esperada até então.

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O que explica a alta do PIB, segundo o governo

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As razões que o governo aponta para a melhora na projeção do PIB são:

  • as vendas no varejo e os serviços prestados às famílias, que segundo o relatório crescem de forma "robusta" graças ao aumento da renda;
  • o aumento na geração de postos de trabalho;
  • o avanço nas concessões de crédito;
  • o crescimento da construção civil e das importações de bens de capital; e
  • a desvalorização do real, que melhorou as estimativas de contribuição do setor externo ao PIB.
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A revisão para cima na previsão de crescimento ocorreu mesmo com a piora nas expectativas para dois dos três grandes setores econômicos.

A SPE, que antes projetava queda de 1,3% no PIB agropecuário, agora espera retração de 1,4%, devido à redução nos volumes esperados para as safras de soja e milho, principalmente.

Enquanto isso, a expectativa para o crescimento da indústria oscilou de 2,5% para 2,4%, em reação a "dados mais fracos observados para indústria extrativa e para a produção de bens de capital em março".

Em contrapartida, a projeção para a expansão dos serviços em 2024 aumentou de 2,4% para 2,7%. Segundo a equipe econômica, os resultados do setor vieram acima do esperado nos primeiros meses do ano.

Projeção do PIB não inclui efeito das chuvas no Rio Grande do Sul

O Ministério da Fazenda reconhece, no Boletim Macrofiscal divulgado nesta quinta, que não incluiu na conta do PIB o efeito das chuvas no Rio Grande do Sul.

"A magnitude do impacto depende da ocorrência de novos eventos climáticos, de transbordamentos desses impactos para estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas", diz o texto.

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Segundo o relatório da SPE, o PIB gaúcho – que tem peso de cerca de 6,5% no nacional – deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas na sequência.

"Atividades ligadas à agropecuária e indústria de transformação deverão ser as mais afetadas a nível nacional, por serem mais representativas no PIB do estado que no PIB brasileiro", prossegue o comunicado.

Expectativa de inflação maior embute tragédia no RS

Embora não tenha entrado nos cálculos do governo para o PIB, a devastação no Rio Grande do Sul motivou uma revisão nas expectativas para a inflação. A previsão da Fazenda para o IPCA em 2024 avançou 3,5% para 3,7%.

"O aumento nas estimativas para a inflação captura tanto os efeitos da depreciação cambial recente nos preços livres como os impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul na oferta e nos preços de produtos in natura, arroz, carnes e aves", diz o relatório.

Segundo o texto, os preços desses alimentos "devem subir de maneira mais pronunciada nos próximos dois meses, mas parcela relevante desse aumento deve ser devolvida nos meses seguintes, com a normalização da oferta".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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