Se a construção civil foi o motor do crescimento econômico dos últimos anos na Espanha, o governo tenta religá-lo, com a distribuição de 8 bilhões (R$ 23,28 bilhões) para as prefeituras do país executarem obras. O governo estima que o programa vá gerar 300 mil empregos. Além disso, foi ampliado em 3 bilhões (R$ 8,73 bilhões) o orçamento dos ministérios, para que eles possam também investir em obras públicas. A estatal Ineco, maior empresa de consultoria em engenharia do país, que projeta ferrovias e aeroportos, recebeu ordem do Ministério do Fomento de "correr com os projetos". Sua receita, que foi de 270 milhões em 2008, deve aumentar 5% este ano.
Mas a estratégia está longe de ser uma unanimidade. O economista Alfredo Arahuetes, da Universidade Pontifícia Comillas, duvida do alcance das medidas. "Vai afetar um número muito reduzido de pessoas, ligadas à construção civil", diz o economista. "Mas a crise se espalhou pelos outros setores importantes da economia, como a indústria automobilística, eletrodomésticos, imobiliárias e todos os serviços ligados a essas atividades. Não houve destruição de empregos só em alguns setores. Foi por isso que o desemprego cresceu tão rápido."
Arahuetes acha que o governo deveria reduzir os encargos trabalhistas e os custos de demissão para incentivar as empresas a contratar por tempo indefinido. Ele defende medidas orientadas para segmentos mais vulneráveis, como jovens e idosos.
O governo também procura reestimular a atividade econômica com um aporte de 47 bilhões para o Instituto de Crédito Oficial (ICO) emprestar para pequenas e médias empresas e para famílias com a renda mais comprometida. Segundo funcionários da equipe econômica, é o maior orçamento da história do ICO, que antes fornecia créditos apenas para investimentos.