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O governo revisou pela segunda vez em menos de um mês os dados do emprego formal em 2020. Com isso, em vez de reportar um aumento na geração de vagas, a estatística oficial passou a mostrar uma redução no emprego com carteira assinada.
No começo deste ano, o Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) informava que o país havia criado quase 143 mil postos formais em 2020, já descontadas as demissões. Mais recentemente, no início de novembro, a geração de vagas no ano passado foi revisada e o saldo positivo, reduzido para 76 mil. Agora, com a nova revisão, a estatística mostra que houve mais demissões que contratações no ano passado, com saldo negativo de 191,5 mil vagas.
As revisões são provocadas pela incorporação de dados de 2020 enviados com atraso pelas empresas. E reforçam a impressão – de alguns estudiosos do mercado de trabalho – de que os dados das demissões do ano passado poderiam estar sendo subnotificados. Entre outras questões, existe a desconfiança de que muitas empresas fecharam as portas e não avisaram o governo das demissões.
A estranheza em relação aos dados do Caged estava baseada também na discrepância em relação aos números da pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, que tem metodologia diferente e desde 2020 já mostrava queda do emprego formal. Segundo analistas, a realidade do mercado de trabalho provavelmente estaria num meio-termo entre a "euforia" do Caged e o "desastre" da Pnad.
“Os dois dados têm potenciais problemas e não conseguimos dar certeza se de fato está ocorrendo [o registrado] ou não”, disse à Gazeta do Povo, em junho, o pesquisador Rodolpho Tobler, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Sondagens da instituição indicavam que o mercado não estava tão negativo quanto mostrava a Pnad, nem tão positivo quanto o cenário do Caged.
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O dado – até então positivo – do mercado formal em 2020 foi motivo de grande comemoração por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de sua equipe, uma vez que os números mostravam a resistência do emprego em meio a uma queda de 4,1% no Produto Interno Bruto (PIB), a pior desde 1990.
O governo atribuía o bom desempenho às medidas de combate à crise, entre elas o programa que permitiu redução de salário e jornada em troca da manutenção de empregos.