Estado que mais gera energia no país, o Paraná pode ganhar mais seis hidrelétricas nos próximos anos, quatro delas no Rio Piquiri, uma no Tibagi e outra no Chopim. É o que indica o mais recente Plano Decenal de Energia (PDE) do governo federal, que lista os projetos com conclusão esperada até 2022.
Confira o plano de energia das hidrelétricas
O documento foi aprovado no fim de janeiro pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal responsável pelo planejamento do setor. Dos seis projetos paranaenses, cinco podem ser colocados em leilão ainda neste ano, segundo declarações do presidente da EPE, Maurício Tolmasquim.
A conclusão dessas usinas está programada para os anos de 2019 e 2020. Porém, a experiência dos últimos anos mostra que elas dificilmente serão entregues no prazo. É possível que algumas nem mesmo sejam leiloadas, isto é, concedidas a companhias elétricas.
Das nove hidrelétricas paranaenses incluídas no primeiro plano decenal, o PDE 2006-2015, apenas uma ficou pronta até hoje: a de Mauá, no Rio Tibagi, que começou a funcionar em novembro de 2012, quase dois anos após o prazo. Outra usina, a de Baixo Iguaçu, está em construção. Deveria ter ficado pronta há um ano, mas a expectativa é de que seja concluída apenas em 2016.
As outras sete hidrelétricas elencadas naquele PDE nunca foram colocadas em leilão. A de Telêmaco Borba, no Tibagi, continua nos planos do governo. As demais ficaram pelo caminho. Não constam do PDE 2022, ou seja, já não têm data para serem licitadas e muito menos, construídas.
Na maioria dos casos, os atrasos estão ligados a questões ambientais: ou as usinas não conseguem a licença prévia a tempo de serem incluídas nos leilões de geração; ou os vencedores dos leilões têm dificuldade em obter a licença de instalação, que permite o início da construção; ou decisões judiciais impedem o início das obras ou as interrompem.
Licenciamento
Segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), as cinco usinas paranaenses que o governo federal pretende leiloar ainda neste ano (veja quadro nesta página) estão em processo de licenciamento, mas nenhuma recebeu licença prévia até agora. O IAP informou que avalia solicitar o estudo integrado de bacia aos empreendedores antes de emitir ou não o licenciamento ambiental o que deve postergar a conclusão do processo.
O órgão não dá mais detalhes, mas a tendência é de que tal estudo seja exigido para as quatro hidrelétricas previstas para o Rio Piquiri, no Oeste, um dos dois grandes rios paranaenses o outro é o Ivaí que ainda não abrigam hidrelétricas. As usinas costumam animar prefeitos dos municípios envolvidos, uma vez que geram empregos e incrementam a arrecadação de tributos. Mas devem enfrentar a resistência de agricultores, que correm o risco de perder áreas ou ser desalojados, e ambientalistas.
As barragens podem eliminar quedas dágua da região e ainda afetar a pesca extrativa. "O Piquiri é um importante corredor para a reprodução de peixes. Se for barrado, vai prejudicar dezenas de comunidades de pescadores do Rio Paraná, no qual o Piquiri deságua", diz Carlos Eduardo Zacarkim, coordenador do curso de Engenharia de Aquicultura do setor Palotina da UFPR.
Termelétricas
Custo de geração da usina de Araucária mais que dobrou
Com os reservatórios de hidrelétricas nos menores níveis em mais de uma década, o país está tendo de usar termelétricas em tempo integral pelo segundo ano consecutivo. Para piorar, o custo de geração da maioria dessas usinas muito sensível à variação do preço do combustível ficou bem mais alto.
Segundo levantamento feito pela Gazeta do Povo em relatórios do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o custo médio da geração térmica no Brasil subiu 12% desde o início do ano passado. Era de R$ 457,11 por megawatt-hora (MWh) na primeira semana de 2013, e chegou a R$ 510,33 por MWh no fim do mês passado.
De uma lista de 113 usinas, o maior aumentou ocorreu na termelétrica de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. O custo do MWh na usina, que pertence à Copel, mais que dobrou, passando de R$ 304,42 para R$ 686,27. O reajuste se deve ao término do contrato de locação para a Petrobras, no fim de janeiro, que resultou em forte reajuste no preço do gás natural consumido pela térmica o combustível é fornecido pela própria estatal federal.
Normalmente, os gastos com as termelétricas são repassados ao consumidor no ano seguinte. A conta de 2013, portanto, seria cobrada neste ano. Mas, para segurar a inflação, o governo federal estuda postergar o repasse às tarifas.