O Ministério de Minas e Energia informou em comunicado oficial nesta segunda-feira (28) que o economista e consultor Adriano Pires, 64 anos, será o novo presidente da Petrobras. Ele vai substituir o general Joaquim Silva e Lina, cuja demissão foi anunciada por interlocutores do Palácio do Planalto horas antes.
Na nota, o ministério informa a relação de indicados da União, que é o acionista controlador da companhia, para compor o Conselho de Administração da Petrobras. Os nomes serão apresentados na Assembleia-Geral Ordinária da empresa, que ocorrerá no dia 13 de abril.
A relação indica Adriano Pires para o exercício da presidência da empresa e o engenheiro Rodolfo Landim para presidir o Conselho de Administração. O novo presidente da Petrobras precisa necessariamente compor o conselho, de acordo com o estatuto. Outros seis membros também foram indicados.
"O Governo renova o seu compromisso de respeito a sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Empresa", conclui o ministério no comunicado.
Silva e Luna, que deve se reunir com o presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (29), deve continuar no exercício do cargo até a realização da assembleia.
Pires terá no comando da Petrobras o desafio de gerir as sucessivas altas nos preços dos combustíveis, que custaram o cargo de Silva e Luna, que deixa a estatal bastante criticado pelo Congresso e pelo próprio chefe do Planalto.
Quem é Adriano Pires e o que ele defende para a Petrobras
Com experiência de quase 40 anos na área de energia, Adriano Pires dirige o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), do qual é sócio-fundador. Ele é consultor na área de petróleo e gás e já foi membro da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), em 2001.
Pires é doutor em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII e mestre em Planejamento Energético pela COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O economista também acumula experiências como consultor do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Recentemente, escreveu um artigo ao site Poder 360 em que se posiciona de forma contrária a uma intervenção na política de preços da Petrobras, que usa o modelo de preço de paridade de importação (PPI), segundo o qual a companhia reajusta os valores dos derivados do petróleo com base na cotação da commodity no mercado internacional.
"Não podemos, e não devemos, ceder à tentação de intervir nos preços da Petrobras, algo que só trouxe prejuízos para toda a sociedade brasileira e que significa o atraso do atraso. Precisamos respeitar a legislação de preços livres em toda a cadeia da refinaria até o posto de revenda", escreveu, ao comentar os impactos da guerra na Ucrânia sobre os preços dos combustíveis e no bolso dos consumidores.
A solução, para ele, é a criação de um fundo de estabilização para subsidiar os preços dos combustíveis quando a cotação internacional do petróleo atingir um determinado gatilho. O dinheiro sairia, sugere Pires, dos dividendos pagos pela Petrobras à União ou recursos vindos de royalties, participações especiais ou mesmo da comercialização de óleo feita pela estatal PPSA.
A criação do fundo de amortecimento consta em projeto de lei aprovado pelo Senado e relatado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN). A proposta tramita agora na Câmara dos Deputados.
Futuro presidente do Conselho de Administração é ex-funcionário de carreira da companhia
O futuro presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Rodolfo Landim, é ex-funcionário de carreira da Petrobras e atual presidente do clube de futebol Flamengo. Ele já havia sido indicado, no início do mês, para presidir o conselho, mas teria recusado a missão de presidir a companhia na ocasião.
Landim ingressou na companhia em 1980, onde trabalhou por 26 anos e ocupou diversas funções gerenciais na área de exploração e produção. Entre 2000 e 2003, foi presidente da Gaspetro, responsável pelas participações societárias da Petrobras nas companhias de transporte e distribuição de gás natural. Entre 2003 e 2006 foi presidente da BR Distribuidora.
Após sair da Petrobras, atuou como diretor-geral da MMX Mineração e Metálicos S.A. (2006 a 2008), fundador e posteriormente CEO da OGX Petróleo e Gás Participações S.A. (2008 a 2009) e CEO da OSX Brasil S.A. (2009-2010).
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