Destino
Parte da verba da Copel vai para fora do Paraná
Embora o Proinfra inclua todos os investimentos estimados para a Copel em 2013 e 2014, boa parte desses recursos vai para fora do Paraná. A empresa está erguendo uma usina em Mato Grosso e vai construir linhas de transmissão em sete estados.
Neste ano, de janeiro a setembro, pelo menos 38% do que a Copel investiu foi para a hidrelétrica de Colíder R$ 395 milhões, de um total de R$ 1,04 bilhão. Como a obra vai até 2015, e a maior parte do investimento em transmissão ainda está por vir, boa parte da verba da empresa continuará indo para fora.
Baixa execução
Para que o Proinfra cumpra o prometido, o governo terá de melhorar a execução orçamentária. A expectativa do Orçamento de 2012 era de quase R$ 2 bilhões, mas até o fim de outubro menos da metade disso R$ 963,2 milhões tinha sido empenhado.
O mesmo ocorreu nas estatais, que representam quase metade do pacote. A Sanepar prevê investimentos de R$ 498 milhões, mas em nove meses executou 68% disso. No mesmo período, a Copel investiu só 46% do programado.
Colaborou Fernando Jasper
O Programa de Modernização da Infraestrutura (Proinfra), pacote de R$ 12,5 bilhões lançado na semana passada pelo governador Beto Richa, foi "inflado" com dinheiro do governo federal e do orçamento de estatais que inclui até verbas a serem aplicadas fora do Paraná, no caso da Copel.
Os recursos bancados exclusivamente pelo governo estadual somam R$ 6,4 bilhões, pouco mais da metade do pacote são R$ 3,4 bilhões do orçamento mais R$ 3 bilhões em empréstimos que o governo vai tomar. Pouco mais de 45% do Proinfra está atrelado aos planos de investimentos da Copel, Sanepar e Compagas.
A estratégia é parecida com a usada pelo governo federal no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que abrange em um mesmo pacote uma série de recursos de origens diferentes. "É simples. Estão inclusos neste cálculo todos os investimentos previstos para o estado no período", resume o secretário do Planejamento e Coordenação Geral do Paraná, Cassio Taniguchi.
De acordo com Roberto Piscitelli, professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), batizar uma série de aportes já previstos como um novo pacote de investimentos é um recurso muito frequente na administração pública. "É uma forma de os gestores capitalizarem com grandes anúncios, mas poucas vezes eles representam algo efetivamente novo", afirma Piscitelli.
Do total anunciado, cerca de R$ 2,3 bilhões virão de empréstimos do Banco Mundial, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco Interamericano de Desenvolvimento e outros recursos que, segundo Taniguchi, já estão garantidos para o orçamento.
A soma conta também com R$ 492 milhões do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. O secretário justifica que os paranaenses serão beneficiados por esses investimentos e que o governo estadual precisa dar algumas contrapartidas para usufruir desses recursos.
Taniguchi salienta que o orçamento bienal do estado previsto para os investimentos vai praticamente dobrar, de R$ 1,9 bilhão para R$ 3,4 bilhões. O incremento ocorre em meio a um aumento de 20% nas despesas totais do estado em 2012. "Tínhamos muita coisa já comprometida nos anos anteriores. Agora nós podemos efetivamente nos planejar e aumentar a carga de investimentos", diz o secretário.
AvaliaçãoPara analistas, pacote pode agilizar execução
Embora os R$ 12,5 bilhões anunciados para o Proinfra venham de investimentos já previstos, analistas acreditam que a centralização dos recursos pelo governo do estado pode agilizar os procedimentos. "O programa é uma sinalização de que o estado deve sair da inércia", afirma o economista do Dieese Cid Cordeiro. Segundo ele, ao centralizar os investimentos no Proinfra, o governo pode estabelecer metas e ganhar tempo com o planejamento das ações.
"Quando há o anúncio de um pacote geral, pelo menos temos a expectativa de que exista uma coordenação mais ordenada dos recursos. A fiscalização fica mais fácil também", diz Roberto Piscitelli, da UnB.
Cordeiro acredita que os investimentos devem crescer em 2013, mas que não chegarão aos R$ 2,9 bilhões previstos no Orçamento. E, para chegar perto disso, o estado terá de cortar mais gastos. De janeiro a outubro eles subiram 20% para contê-los, o governo decretou, em novembro, uma economia de 20% em despesas de custeio, como água e luz. "O aumento dos gastos de custeio é preocupante porque reduz a margem do superávit primário e dos investimentos com recursos próprios", diz Cordeiro.
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