Presidente argentino Alberto Fernández veio ao Brasil na semana passada pedir ajuda a Lula para buscar soluções para a crise financeira do país vizinho.| Foto: André Borges/EFE
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai financiar três obras na Argentina que vão consumir R$ 4,5 bilhões em recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de acordo com declarações do ministro Renan Filho, dos Transportes, dadas em uma entrevista ao jornal argentino Clarín publicada nesta quinta (11).

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Segundo o ministro, serão duas novas pontes entre os dois países ao custo de US$ 120 milhões (R$ 590 milhões), ligando as cidades de Porto Xavier (Brasil) com San Javier (Argentina), e São Borja (Brasil) com Santo Tomé (Argentina). A terceira obra é o segundo trecho do gasoduto Néstor Kirchner (Salliqueló-San Jerónimo), que fornece gás da região patagônica de Vaca Muerta até o norte do país, orçado em US$ 800 milhões (R$ 3,9 bilhões). Posteriormente, duas obras vão transportar o gás até o Brasil.

“A Argentina é o nosso principal cliente em produtos industriais. Vendemos matéria-prima para o mundo e entendemos, como parte do nosso desenvolvimento, que é fundamental promover o comércio regional. [...] Isso [o gasoduto] nos permitirá deixar de depender do gás boliviano, que está em declínio”, disse ao Clarín.

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A promessa de investimento no país vizinho foi confirmada por Renan Filho ao homólogo argentino, Gabriel Katopodis, em visita recente de acordo com a publicação.

Apesar de financiar as três obras na Argentina, Renan Filho reconheceu que o Brasil “tem muitas dificuldades em infraestrutura” e que o que foi investido até agora “reduz nossa competitividade internacional”. O ministro diz que o governo busca “ampliar a capacidade de investimento do país com uma parceria entre o público e o privado”, com uma expectativa de desembolsar R$ 98 bilhões em quatro anos.

Argentina pediu socorro ao Brasil

O anúncio das obras ocorreu no mesmo dia em que o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, pediu ajuda à secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para socorrer a economia da Argentina. As finanças do país vizinho estão em um acelerado processo de deterioração que elevou a inflação a 109% em um ano nesta sexta (12), e motivou uma visita de emergência do presidente Alberto Fernández ao Brasil na semana passada.

No começo do ano, logo nos primeiros dias de governo, Haddad se reuniu com o embaixador da Argentina no Brasil, Daniel Scioli, para discutir relações bilaterais entre os dois países. Entre elas estava a criação de uma moeda comum para transações comerciais no Mercosul, que não avançou, e a possibilidade do BNDES financiar obras na nação vizinha.

O financiamento do gasoduto argentino vem sendo alvo de discussões desde a reunião, já que o Brasil “desperdiça” gás extraído do pré-sal por falta de infraestrutura de escoamento. Reportagem da Gazeta do Povo revelou que 49,6% de toda a produção brasileira do combustível foram reinjetados nos poços mensalmente no ano passado, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) – a média mundial é de 20%.

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A redução pela metade do volume de gás reinjetado viabilizaria investimentos da ordem de R$ 98 bilhões em novos projetos das indústrias química, petroquímica e de fertilizantes, que utilizam o composto de hidrocarbonetos como matéria-prima, segundo a Coalizão pela Competitividade do Gás Natural Matéria-Prima.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]