Depois de adotar medidas para resolver o problema de liquidez no sistema financeiro nacional, o governo parte agora para socorrer o setor agrícola. Ontem, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou um conjunto de regras para injetar recursos no crédito rural. Ao todo, a agricultura passará a contar com mais R$ 4,5 bilhões porque aumentou a exigência de repasse obrigatório que bancos têm de fazer para o segmento rural. Para compensar o aumento, o CMN reduziu o depósito compulsório que as instituições devem manter na autoridade monetária.
A mudança faz parte do programa de liberação de R$ 100 bilhões em compulsórios anunciado na segunda-feira pelo Banco Central (BC). Na autoridade monetária, há a interpretação de que o problema do crédito também é causado pela falta de liquidez.
A decisão de aumentar o direcionamento obrigatório de parte dos recursos dos depósitos à vista para o crédito rural foi tomada em reunião extraordinária realizada ontem. A alíquota da chamada exigibilidade passou de 25% para 30% do valor depositado nas contas correntes. Segundo o colegiado, a decisão é "temporária" e vale especificamente para o período de 1º de novembro de 2008 a 30 de junho de 2009. O juro cobrado no crédito rural é de 6,75% ao ano.
O setor agrícola já sentia os efeitos da falta de recursos no mercado bancário. Nas últimas semanas, com o agravamento da crise financeira internacional, produtores enfrentavam dificuldade para conseguir crédito nos bancos. Para tentar amenizar o efeito dessa falta de dinheiro disponível, o Banco do Brasil já havia decidido antecipar a liberação de R$ 5 bilhões em crédito rural previsto para a safra 2008/2009.
Para compensar os bancos pelo maior direcionamento de recursos para os financiamentos agrícolas, o BC também anunciou, ontem à noite, a diminuição da alíquota do depósito compulsório sobre depósitos à vista, de 45% para 42%. Nesse caso, segundo a autoridade monetária, a decisão deve liberar até R$ 3,6 bilhões para os bancos a partir de 29 de outubro.
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