O novo valor do salário mínimo tem fortes chances de não ser anunciado na semana que vem, uma vez que o governo ainda não chegou a um valor de consenso para apresentar às centrais sindicais, como previu nesta sexta-feira o presidente da CUT. Mas uma coisa parece certa: o ritmo de reajustes vai cair.
- Esperamos que na próxima reunião apresentem números mais concretos, acredito que ainda não há um número fechado - disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Artur Henrique, à Reuters.
A primeira reunião entre o governo e sete centrais sindicais, realizada na quinta-feira, serviu para cada parte apresentar sua posição e para marcar nova rodada para quinta-feira que vem.
Neste primeiro encontro, foi possível, segundo o dirigente da CUT, sentir mudanças em relação à "era Palocci''. Mas outro integrante da reunião afirmou que o ministro Guido Mantega (Fazenda) foi firme ao defender a desaceleração dos reajustes do mínimo, que atingiram 25 por cento no primeiro mandato.
Mantega, formalizou a apresentação da proposta de elevar o mínimo de R$ 350 para R$ 367, valor que repõe a variação da inflação mais o aumento do crescimento econômico per capita. No projeto de Orçamento do governo, no entanto, consta R$ 375 , valor que levou em conta um crescimento mais robusto.
Já os sindicalistas querem R$ 420, o que corresponderia a 16,5% de aumento real.
O ministro procurou mostrar unidade e provocou surpresa entre os sindicalistas presentes ao afirmar que não há mais ''liberais'' no governo Lula.
- Quero dizer que esta posição (do mínimo) é uma posição de governo, da política econômica. Até porque não existem mais no governo esses liberais que querem segurar o país - teria dito Mantega, segundo o presidente da CUT.
Para outro participante da reunião, Mantega deixou claro que no primeiro mandato foi possível acelerar os reajustes para recompor o valor do mínimo, mas a partir de agora este ritmo será menor.
Foram mostrados cálculos que apontam, nos últimos quatro anos, reajuste médio de 2,7% do PIB (Produto Interno Bruto) enquanto o mínimo subiu 5,95 %.
Coube ao ministro da Previdência, Nelson Machado, afastar a possibilidade da inclusão da reforma previdenciária na pauta do governo, já que qualquer alteração no salário mínimo impacta no setor. Assim como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Machado afirmou que o déficit da Previdência é responsabilidade do Tesouro e não da área previdenciária.
Além de Mantega e Machado, participaram da reunião os ministros Paulo Bernardo (Planejamento), Luiz Marinho (Trabalho) e Luiz Dulci (Secretaria-Geral), único a não discursar.
O presidente da CUT defende que, seja qual for o valor acertado, o governo deve criar uma política permanente de valorização do salário mínimo, que atinge 40 milhões de pessoas, entre aposentados e trabalhadores da ativa.
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