Brasília - O governo não está cogitando implantar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para nenhuma modalidade de ingresso de capitais, principalmente para aplicação em títulos públicos, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Existe a entrada de capital, mas essa entrada é vista como fato positivo", afirmou. Esse movimento de capitais demonstra que o Brasil é um país seguro, na avaliação de Mantega.
Ele insistiu que o ministério da Fazenda não considera que, neste momento, a cobrança do IOF seja necessária. Os recursos externos, como explicou, estão direcionados à Bolsa de Valores ou para investimentos diretos, o que é considerado um movimento saudável. Mantega defendeu o ingresso de capitais para a bolsa porque se trata de um volume de recursos que facilitará a realização de IPOs (abertura de capital) por parte de empresas brasileiras. "Em breve, as empresas poderão retomar as IPOs", disse ao se referir à oportunidade de as empresas aproveitarem "esse dinheiro barato" para fazer novas emissões.
O ministro comentou, ainda, que o fluxo de recursos que segue para a renda fixa é baixo. Esta semana, o Banco Central divulgou que ingressaram até o dia 26 de maio a soma de US$ 811 milhões para aplicações financeiras de renda fixa e outros US$ 2,3 bilhões para a bolsa.
Enxurrada de dólares
Questionado sobre a posição do governo na eventualidade de uma enxurrada de dólares para o Brasil, Mantega respondeu: "aí, o governo vai analisar. Hipoteticamente, pode-se pensar sobre qualquer coisa." Mantega reiterou que o governo não tem interesse em reduzir o fluxo de capitais para o país e citou que a conta financeira "só ficou positiva agora". Ele se referia ao resultado da conta corrente (a que relaciona as transações comerciais e financeiras do país com o exterior) que, em abril, ficou superavitária em US$ 146 milhões, o primeiro resultado positivo após 18 meses seguidos de déficit.
Além disso, lembra que outros países tiveram saída de capitais, enquanto o país está recebendo os capitais externos. "O Brasil tem a vantagem de ter entrada de capitais", afirmou. "Portanto, não é o caso de interromper esse fluxo agora."