Para o governo federal, o risco de haver falta de energia nos próximos anos é muito pequeno. As projeções feitas pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME) para cuidar do planejamento do setor, mostram que haverá oferta suficiente, garantida por hidrelétricas de médio porte, em fase de leilão, e de termelétricas em construção ou ainda desligadas. A meta do MME é dar um empurrão nessas obras, muitas delas à espera de licença ambiental, ainda nos próximos meses.
Em um prazo mais longo, a EPE prevê que serão erguidos dois grandes projetos hidrelétricos na região amazônica. Um deles, no Rio Madeira, terá duas usinas (Jirau e Santo Antônio) que, juntas, gerarão 6,4 mil MW. A previsão é que esse projeto entre no sistema integrado de distribuição entre 2011 e 2012. Até 2015 também devem ser finalizadas as obras da Usina Belo Monte, no Rio Xingu, com potencial para gerar 5,5 mil MW. O planejamento federal também leva em consideração a construção da usina nuclear Angra 3.
As duas principais críticas ao projeto federal são a volta do planejamento centralizado e com forte presença do Estado e a falta de uma política consistente para a atração de investimentos privados para o setor de geração. "O governo montou um modelo que segurou as tarifas nos leilões de energia velha e, com isso, o capital privado não compareceu", analisa Adriano Pires, do CBIE.