As três reuniões do Ministério do Planejamento com servidores em greve, na manhã desta segunda-feira (20), terminaram com o governo oferecendo reajuste de 15,8% às diferentes categorias e com o agendamento de novos encontros, para que a pasta faça ajustes solicitados pelos sindicalistas e para que as lideranças tenham tempo de levar as propostas às suas bases.
Representantes das carreiras do Fórum de Ciência e Tecnologia; Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) retornam ao Planejamento na quarta-feira (22) para uma segunda rodada de discussões.
Os dirigentes foram unânimes em considerar baixo o percentual ofertado, que deve ser aplicado aos vencimentos ao longo de três anos. No entanto, todos concordaram em levar a proposta para ser votada. No sábado (18), o secretário de Relações do Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse em entrevista que o patamar servirá de parâmetro em todas as negociações e será o máximo oferecido pelo governo.
O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, que representou os servidores da Ciência e Tecnologia no encontro com Mendonça, disse que foi solicitado ao governo que incorporasse a gratificação de desempenho ao vencimento básico dos trabalhadores. Na nova reunião com o ministério, o Fórum de Ciência e Tecnologia terá a resposta a esse pleito e informará se aceita o percentual de 15,8% proposto pelo governo.
Segundo Josemilton, apesar de considerarem o patamar de reajuste baixo, os grevistas sabem do tempo apertado para as negociações. Os acordos precisam ser fechados até 31 de agosto, quando a proposta orçamentária com previsão dos gastos para 2013 deve ser encaminhada ao Congresso Nacional. "Estamos avaliando que [15,8%] está muito abaixo do que todas os setores estão reivindicando. Mas as bases é que vão decidir", disse.
Para Wander Alcantelado, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Rio de Janeiro (Sintrasef), entidade que representou o Inpi na reunião de hoje, os servidores estão negociando "com a faca no pescoço". "Está sendo uma negociação dura. Estamos sendo forçados a tirar leite de pedra", disse. Os dirigentes do Sintrasef também solicitaram ao governo mudanças na proposta sem alteração do percentual de 15,8%.
"Estamos pedindo a incorporação integral de uma gratificação aos vencimentos básicos. A reposição do corte de ponto é outra reivindicação e também queremos que o parcelamento em três anos não engesse a categoria. No ano que vem tem que haver negociação novamente", disse Alcantelado.
Segundo o sindicalista, os servidores do Inpi não chegaram a entrar em greve. "Houve paralisações pontuais e alguns dias vieram cortados no contracheque". De acordo com o dirigente, haverá assembleia dos trabalhadores do Inpi amanhã às 10h30, no Rio de Janeiro, para debater a oferta governamental.
Sérgio Ballerini, presidente do Sindicato Nacional dos Servidores de Metrologia, Normalização e Qualidade (Asmetro-SN), informou que os trabalhadores do Inmetro farão assembleia na quarta-feira de manhã para discutir a proposta do Planejamento e que foi solicitado ao governo melhorias nos benefícios concedidos à categoria. "Uma das reivindicações diz respeito ao nosso plano de saúde, que teve a parcela elevada em 300% para alguns servidores. Pedimos que isso seja revisto", disse.
Às 15h, Sérgio Mendonça receberá servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para novas negociações. Depois, ele se reúne com fiscais agropecuários e controladores de voo. Para as 20h, está prevista nova reunião com o Condsef, que dessa vez representará 18 setores do Poder Executivo e Saúde, Previdência e Trabalho.
Esses trabalhadores pedem equiparação salarial com as carreiras contempladas pela Lei 12.277/2010. O diálogo com eles é considerado importante, porque juntas essas categorias somam 500 mil servidores públicos.