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“Governo deve tanto” que deixa de investir para pagar dívida, diz presidente do BC

Roberto Campos Neto
Roberto Campos Neto afirma que governo tem dificuldade em cortar gastos, e que isso impacta os investimentos e a dívida pública. (Foto: Raphael Ribeiro/BCB)

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diz que o governo está deixando de fazer investimentos para financiar a dívida pública, que chegou a 74,1% do PIB (Produto Interno Bruto) em julho deste ano.

A afirmação foi dada durante um evento da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), no Mato Grosso, na última quinta (19).

“O Brasil tem investimento baixo, e parte das vezes é porque o governo deve tanto que ele pega o dinheiro que seria para investir para financiar a dívida”, afirmou em registro da Folha de São Paulo.

Campos Neto disse, ainda, que o governo pode ter problemas com juros mais altos no futuro se as regras do novo arcabouço fiscal não forem cumpridas e se os “agentes financeiros não entenderem que existe um plano bom de convergir a dívida para um nível mais razoável na frente”.

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Ele reconheceu as dificuldades do governo em cortar gastos devido ao Orçamento rígido e à resistência do Congresso em aprovar medidas. O presidente do Banco Central salientou que a questão do controle de gastos é um desafio estrutural do Brasil e não se limita a um governo específico.

Para equilibrar as finanças, Campos Neto destacou a importância de aumentar a arrecadação e tornar o novo arcabouço fiscal crível. Ele enfatizou que se o Brasil não conseguir equilibrar as contas fiscais, isso poderá afetar negativamente o restante da economia.

“No final das contas, se a gente não conseguir equilibrar o fiscal, a gente pode desequilibrar todo o resto”, ressaltou.

O mercado financeiro projeta um déficit primário negativo de 1,1% do PIB em 2023, em comparação com a meta do governo de -0,5%. Para 2024, quando o governo pretende zerar o déficit, a projeção é de um buraco de 0,8%.

Campos Neto apontou que o Brasil enfrenta uma “desancoragem gêmea” com a meta de inflação em 3% e as expectativas do mercado em 3,5%. Além disso, ele ressaltou que, devido ao cenário externo desafiador, o Brasil precisa de um esforço fiscal ainda maior, mesmo com o arcabouço existente.

Em relação aos gastos públicos, o mercado prevê um crescimento anual real de 27,5% para o Brasil em 2023, em comparação com 1% na média da América Latina. Para 2024, as projeções apontam para uma queda de 1% nas despesas brasileiras, enquanto a média latino-americana deverá cair 2,7%.

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