A crise no fornecimento de gás natural importado da Bolívia poderá obrigar os governos federal e estaduais a analisarem a possibilidade de frear o crescimento do consumo do produto. A opinião é do presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), Maurício Tolmasquim, que lembrou que o uso do gás, especialmente para fins veiculares, é o que permite uma substituição mais rápida e fácil para o consumidor.
O mesmo não ocorreria com o gás industrial, frisou Tolmasquim, ao presentar o resultado do Balanço Energético Nacional do ano passado.
Em 2005, o grande destaque foi justamente o gás natural, cuja oferta cresceu 7,4%. Ao mesmo tempo, o consumo de GNV cresceu 20,9%.
- Uma questão que tem que ser refletida hoje é a do GNV que está muito maiis ligada ao Estado do que à federação. Mas é preciso ver que os veículos têm substitutos como gasolina e álcool, mais fáceis do que os substitutos industriais - disse.
Apesar de não querer cogitar a hipótese de a Bolívia interromper o fornecimento de gás natural para o Brasil, Tolmasquim acredita que todas essas decisões adotadas pelo presidente Evo Morales, nacionalizando as reservas petrolíferas e tomando os ativos da Petrobras no país, vão naturalmente desaquecer o consumo no Brasil.
- Não existe nenhuma ameaça de redução do suprimento do gás da Bolívia. Portanto, em termos de abastecimento de gás, a situação é tranqüila, apesar da discussão sobre preços. Provavelmente, com todo esse notíciário, é normal que o consumidor, seja do GNV ou do gás industrial, repense a questão do investimento. Então, pode haver uma queda no consumo, mas não porque exista um perigo real - explicou Tolmasquim.
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