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Aviação comercial

Áreas do governo fazem pressão para Bolsonaro vetar bagagem gratuita em voos

Fiscalização de bagagem de mão no Aeroporto Afonso Pena
Fiscalização de bagagem de mão no Aeroporto Afonso Pena (Foto: Reynere Trovão/Gazeta do Povo)

Áreas técnicas do governo ligadas direta ou indiretamente à aviação comercial estão tentando convencer o presidente Jair Bolsonaro a vetar a decisão do Congresso, aprovada na semana passada que prevê a retomada da franquia de bagagem nos voos. Na sexta, o presidente disse que “seu coração pede para evitar a cobrança de bagagens.”

Mas, segundo a agência de notícias Reuters, a decisão ainda não está tomada. Segundo o porta-voz da presidência, general Otávio do Rêgo Barros, “o presidente esboça opiniões, mas ao decidir-se vale-se de estudos profundos e técnicos.” Bolsonaro ainda não teria se debruçado sobre o assunto.

Se implementada, a medida, que entrou em vigor em maio de 2017, colocaria o Brasil fora da tendência internacional. Apenas China, México, Rússia e Venezuela regulamentam a franquia de bagagem, mas não com força de lei, como está previsto no Brasil.

O primeiro órgão a se manifestar foi o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o órgão, a volta da franquia de bagagem também afetará negativamente os investimentos no mercado de transporte aéreo, uma vez que impacta diretamente o modelo de negócios das empresas low cost, que têm manifestado interesse em operar no Brasil.

Na semana passada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou a concessão para a espanhola Globália, dona da Air Europa, operar no Brasil. Outras potenciais interessadas são as chilenas Sky e SmartJet e a norueguesa Norwegian.

Outros órgãos que estão envolvidos nessa frente contra o fim da cobrança das bagagens são a Anac, a secretaria de Aviação Civil e a secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

Estudo realizado pelo conselho aponta que a entrada de low costs acirraria a concorrência com impactos favoráveis ao consumidor sobre o preço do transporte aéreo, incluindo passagens e despacho de bagagens.

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Atualmente, a aviação brasileira é altamente concentrada: as três maiores empresas aéreas tinham 88,7% de participação de mercado no primeiro quadrimestre. E a expectativa é de que os números aumentem nos próximos meses diante da suspensão de operações da Avianca.

O levantamento também aponta que a cobrança da bagagem implica em uma redução de custos para as empresas aéreas, já que menos bagagens são transportadas.

"Para a empresa aérea, isso pode representar ganho em economia de combustível, hoje responsável por cerca de 26% do custo operacional, ou em receita advinda do transporte adicional de carga, no lugar de bagagens. Pode, ainda, como tem sido verificado em outros mercados, diminuir manipulação, perdas, roubos e extravios de bagagem, os quais acabam redundando em despesas acessórias para os transportadores."

Nota técnica do Cade

Os benefícios não se restringem somente às empresas. O conselho aponta que, pela ótica do consumidor, a medida evita que uma grande parcela de passageiros que viajam com pequeno volume de bagagem pague o mesmo valor que outros passageiros que efetivamente demandam o transporte de maior volume de bagagem.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), dois terços dos passageiros de voos domésticos não despacham bagagens. O número é um pouco maior na Latam, a segunda maior empresa brasileira em participação de mercado: 71%.

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