O governo federal anunciou, nesta quinta (25), que vem trabalhando na elaboração de políticas públicas para estimular a produção nacional em áreas estratégicas e que pretende incentivar as exportações a países asiáticos, africanos e latinos. As iniciativas estão descritas em um artigo assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo vice Geraldo Alckmin (PSB) no jornal O Estado de São Paulo.
No texto, Lula e Alckmin classificam as iniciativas como uma “neoindustrialização brasileira” de setores que já têm know-how – conhecimento – para um “novo momento da globalização”. De acordo com eles, a exportação de matérias-primas é importante, mas que é preciso desenvolver o setor industrial para não ficar “vulnerável aos ciclos de preços internacionais” (veja na íntegra).
“Uma economia baseada no conhecimento depende de recuperarmos nosso setor industrial, em benefício também de nossa soberania em setores como saúde, comunicações, defesa e energia. No entanto, estamos perdendo a corrida da sofisticação produtiva”, dizem alegando que a complexidade da economia brasileira caiu da 25ª para a 50ª posição no mundo em “décadas”, num “caminho inverso” ao da China.
Segundo o presidente e o vice, mesmo os países mais liberais do mundo vem investindo em conteúdos nacionais, “seja para a construção de cadeias produtivas mais resilientes a choques, como o que provocou escassez de insumos na pandemia; seja para dar conta do imperativo da mudança climática, a corrida espacial do nosso tempo”.
O desenvolvimento da indústria nacional, dizem, vai se dar a partir de consultas públicas através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), junto de medidas como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) e o programa de enfrentamento ao custo Brasil. Um levantamento divulgado na semana passada aponta que este índice alcançou a marca de R$ 1,7 trilhão, correspondente a 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Lula e Alckmin escrevem, ainda, que a reforma tributária em discussão no Congresso vai “destravar, desburocratizar e simplificar processos que prejudicam a indústria”, para reduzir a cumulatividade e os conflitos. Isso, dizem, vai estimular o investimento privado, melhorar o ambiente de negócios e elevar as exportações.
Exportação para a Ásia, África e AL
No mesmo artigo, Lula e Alckmin afirmam que “oportunidades comerciais se abrem para uma potência verde como nosso país”, com o desenvolvimento de carros ou motores flex para mercados aptos a usar etanol na Ásia, América Latina e África.
“Precisamos reanimar o comércio dentro do nosso continente e com a Costa Atlântica da África, regiões onde num passado recente exportamos mais produtos industrializados; e explorar nichos abertos pelo crescimento na Ásia de países como Índia, Indonésia e Vietnã, assim como numa China que hoje não só exporta muito, mas estimula um florescente mercado interno com poder aquisitivo cada vez maior – possível destino para nossos cosméticos e alimentos”, afirmam.
A matriz energética brasileira, segundo o presidente e o vice, cria oportunidades para investimentos estrangeiros principalmente de iniciativas “verdes”. “Com quase 90% da nossa matriz elétrica limpa e expansão da energia eólica e solar, devemos focar em atrair investimentos verdes”, relatam.
Iniciativas para o agronegócio
Ainda no artigo, Lula e Alckmin anunciam a criação do Plano Nacional de Fertilizantes, estimulando ainda a agroindústria e financiado as exportações de maquinário agrícola e de “novas tecnologias que estão surgindo no Brasil para atender o campo”.
No entanto, a relação entre o agronegócio e o governo está complicada desde a campanha eleitoral de 2022, em que afirmações dadas por Lula não caíram bem no setor.
De lá para cá, o presidente e ministros têm mantido um discurso ambíguo, com afagos de um lado e críticas do outro – como em episódios recentes como o da Agrishow e a participação de membros do governo e aliados em uma feira do MST.
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