Em mais um esforço para estimular a produção da indústria e atenuar os efeitos da crise financeira na Europa, o governo decidiu prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os setores de linha branca (fogões, geladeiras e máquinas de lavar) e móveis. O anúncio foi feito ontem, em São Paulo, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Como contrapartida, os fabricantes dos produtos beneficiados terão o compromisso de manter a vantagem para os consumidores e o nível de emprego, disse Mantega, após reunir-se com empresários dos setores envolvidos. "Os setores aqui presentes estão se comprometendo a repassar para o consumidor a redução do IPI, manter o índice de nacionalização e emprego", disse o ministro. No varejo, os empresários já enfrentam dificuldades para encontrar trabalhadores disponíveis no mercado, comentou o ministro. "Para eles não é bom, mas para mim é uma boa notícia", disse Mantega.
O encontro prolongou-se por duas horas e contou com a participação de empresários dos setores de varejo, móveis e fabricantes de eletrodomésticos. O ministro avaliou que as medidas adotadas até agora foram bem sucedidas por terem ampliado as vendas e ajudado a expandir o emprego. "Por isso resolvemos prorrogar a redução do IPI", justificou Mantega.
Para o segmento de móveis, a redução vai se estender por mais três meses. O ministro disse que vai tentar reduzir também o IPI dos painéis de madeira de 5% para zero. Para o segmento de linha branca, a prorrogação vai se estender por mais dois meses. Os refrigeradores continuam com redução de 15% para 5%; fogões, de 4% para zero; máquinas de lavar, de 20% para 10% e tanquinhos, de 10% para zero.
Efeito
O ministro disse ter sido informado pelos empresários de que as vendas no setor de linha branca tiveram crescimento de 22% de janeiro a maio deste ano, graças ao benefício fiscal. Ao ser questionado se haveria consumidor suficiente para continuar comprando bens duráveis, Mantega afirmou que há novos consumidores chegando ao mercado e que a ampliação do mercado de trabalho dará conta dessa oferta. "Vamos criar 1,5 milhão de empregos neste ano", disse o ministro. Ele lembrou que metade das famílias brasileiras ainda não têm máquina de lavar roupa, por exemplo.
O ministro disse que a redução do IPI, somada à queda dos juros e dos spreads bancários e mais a ampliação da oferta de crédito deverá dar ao país condições de crescer neste ano "mais do que o do ano passado " (em 2011 o Brasil cresceu 2,7%). A última previsão de Mantega apontava para um PIB de 3,5% neste ano. Segundo o ministro, no segundo semestre o ritmo de crescimento da economia ficará entre 3,5% e 4,0%. "Não se tratada de otimismo, mas sim de realismo", disse Mantega.