Brasília e Rio de Janeiro - Depois de seguidas denúncias de trabalho degradante nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e contratação irregular de operários por intermediários, conhecidos por "gatos", o governo comprometeu-se ontem, com representantes das empresas e das centrais sindicais, a utilizar o Sistema Nacional de Emprego (Sine) para fazer a seleção dos trabalhadores e investir na qualificação da mão de obra.
Na reunião, realizada no Palácio do Planalto, sob coordenação do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), foi acertada ainda a composição de uma mesa tripartite entre governo, sindicatos de trabalhadores e da construção pesada. Carvalho disse que ela se reunirá periodicamente e será a autoridade responsável pela garantia de condições adequadas de trabalho nos canteiros de obras do PAC. Participaram do encontro representantes das seis centrais sindicais, do Ministério do Trabalho e das empreiteiras que tocam as obras do PAC hoje com problemas, a exemplo de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e São Domingos, no Mato Grosso do Sul.
"Ao governo interessa um acordo que avance além da lei e que estabeleça o melhor ambiente possível nos canteiros, dando condições adequadas para que as obras sejam realizadas e que os trabalhadores toquem as obras com um mínimo de satisfação", disse o ministro.
Num encontro anterior, Gilberto Carvalho havia admitido que o governo fora omisso ao não fazer infraestrutura básica nos locais onde estão os canteiros das obras. Ele citou especificamente o caso de Jaci-Paraná, que tinha 5 mil habitantes e recebeu mais 25 mil com as obras de Jirau. Todos os serviços públicos foram sobrecarregados, especialmente os de saúde.
Jirau
Na reunião de ontem ficou claro que a situação de Jirau onde houve quebra-quebra das instalações ainda está longe de ser resolvida, pois dependerá de negociações sobre como refazer tudo o que foi queimado durante a revolta dos trabalhadores. Quanto a Santo Antônio, na segunda-feira os operários farão uma assembleia para estudar se aceitam ou não voltar ao trabalho. Cada dia de greve está custando R$ 50 mil de multas para o sindicato da categoria.
Eike Batista
Funcionários da obra do Complexo do Porto de Açu, megaempreendimento do empresário Eike Batista em São João da Barra, no litoral norte fluminense, decidiram voltar ao trabalho a partir de hoje, depois de três dias em greve. A direção da LLX, responsável pela construção do complexo, comprometeu-se a cumprir as reivindicações dos 1,5 mil trabalhadores que cruzaram os braços.