Após um ano de testes para ganhar experiência, o governo federal pretende turbinar o programa de compras governamentais de estímulo à indústria até dezembro. O Palácio do Planalto quer estender para todos os produtos fabricados no país a política de margem de preferência, que autoriza gastos até 25% maiores para aquisição de um bem produzido no Brasil, em detrimento de importados. O assunto deve ser resolvido ainda neste semestre. Em vez de editar decretos definindo margens para produtos específicos, como foi feito para calçados e fármacos, por exemplo, a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, prepara estudos para criar margens para grupos de bens. A ideia é "tabelar", de uma só vez, o maior número possível de produtos, para criar um "marco regulatório" para compras públicas.
A presidente Dilma Rousseff regulamentou o uso de margem de preferência em seu primeiro ano de governo, para alinhar as compras públicas nacionais ao que já é feito na China, Estados Unidos, Austrália e inúmeros outros países. Desde então, o governo vem experimentando, na prática, como aplicar essa previsão legal. No ano passado, cerca de R$ 2,5 bilhões saíram dos cofres federais em licitações com margem, quase metade do valor na compra de veículos pesados no PAC Equipamentos.
Crescimento
Passado o estágio inicial e diante da perspectiva de baixo crescimento econômico neste ano, o governo pretende abreviar a burocracia e, para isso, estuda editar a tabela de preços para compras governamentais. Para isso, os técnicos da área econômica do governo estão usando a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) para balizar as margens. Elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a CNAE é a lista oficial de setores da economia, usada para acompanhamento da produção industrial, geração de empregos, tributação entre outros. Além disso, o governo pretende publicar margens de "0%" para alguns produtos, o que serviria para criar uma referência: segundo as condições de mercado, não haveria como justificar gastos maiores nas compras públicas destes bens.
O governo trata o assunto como uma política estruturante, e a ideia de ampliar a lista pode fazer alguma diferença para a indústria. No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a proposta é ir além do que foi feito e começar a efetivamente impulsionar tecnologias novas. Ou seja: será dada margem de preferência para produtos que ainda não são fabricados no país. Isso, em tese, poderia atrair fabricantes dessas tecnologias para o Brasil ou incentivar que empresas locais comecem a fazer esse tipo de mercadoria. Há conversas em andamento com vários setores, envolvidos na manufatura de bens civis e militares, mas a área de fármacos deve servir de teste. Depois será a vez da indústria de displays, que são usados em computadores, smartphones, televisões, entre outros produtos.
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