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Governo do Rio Grande do Sul quer informações da concessionária sobre danos em ferrovias que seguem inoperantes.
Malha ferroviária em desuso no país, de 11,1 mil quilomentros, pode ser retomada pelo governo| Foto: Pete Linforth/Pixabay

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem planos de retomar a posse da malha ferroviária em desuso no país e, com isso, obter recursos das concessionárias para renovar contratos com a União. São 11,1 mil quilômetros de trilhos abandonados, equivalente a 36% das ferrovias do país.

Técnicos do governo estimam que as indenizações para a retomada por parte das empresas têm capacidade de gerar aproximadamente R$ 20 bilhões. A ideia do governo é que os recursos sejam reinvestidos no próprio setor ferroviário, apurou a Folha de S. Paulo.

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), compilados por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), 57% dos 31 mil quilômetros da malha nacional estão inoperantes ou têm nível de tráfego abaixo de uma viagem de ida e volta por dia.

Vale lembrar que o o Partido dos Trabalhadores (PT) se posicionou contra o Marco das Ferrovias, que permitiu, desde 2021, que empresas privadas construam e operem ferrovias com maior flexibilidade e menos burocracia.

Valor da indenização ainda está sendo negociado

Técnicos do governo, representantes das empresas e especialistas têm participado de audiências públicas sobre o tema. A área técnica da ANTT, que fiscaliza as concessionárias, pretende concluir até novembro um relatório de programação para a devolução dos trechos.

Há um impasse sobre o valor da indenização por quilômetro de trilho, principal entrave para o avanço das negociações.

As concessionárias alegam que não receberam as ferrovias em condições operacionais e modernas. Por sua vez, o governo afirma que os critérios devem ter como referência o preço de uma ferrovia que possa ser utilizada.

A partir de um acordo firmado para a devolução de um trecho e chancelado pelo TCU, a expectativa é que o valor médio de cada quilômetro de ferrovia hoje inutilizada deve ficar entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões.

Três empresas concentram a maior parte dos trilhos em desuso

Os trilhos em desuso estão concentrados nas mãos de três empresas, que adquiriram a concessão da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Os trilhos foram divididos em seis malhas regionais, entre 1996 e 1998.

A maior parte do trecho inoperante, 4.900 quilômetros, é controlada pela concessionária Rumo. A gigante dos transportes detém a Rumo Malha Sul (RMS), que tem 3.400 quilômetros de malha sem tráfego, além de 900 quilômetros parados na Rumo Malha Paulista (RMP) e 600 quilômetros na Rumo Malha Oeste (RMO).

Outra parte, de 3.000 quilômetros sem uso, está nas mãos da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), controlada pela Companhia Siderúrgica Nacional.

A Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), controlada pela VLI Logística, empresa que tem a Vale como principal sócia, tem concessão de outros 3.000 quilômetros abandonados.

As concessionárias aguardam os detalhes para a retomada dos trechos pela ANTT e pelo Ministério dos Transportes. As empresas tem interesse no acordo, porque querem se livrar do passivo.

Para a volta da operação, os investimentos deveriam ser robustos. Atualmente, cada quilômetro de trilho construído do zero custa entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões.

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