Rio de Janeiro O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse durante o Internet Governance Forum que o governo brasileiro pretende levar a banda larga a todas as cidades brasileiras até 2010. Segundo ele, o presidente Lula anunciará nas próximas semanas iniciativas ligadas a infra-estrutura que permitirão levar a internet a todas as escolas do país.
"Isso é uma prioridade do governo", disse Costa. "Estamos explorando várias possibilidades de infra-estrutura para esse objetivo. Uma delas é um cabo de fibra óptica que passa sobre as torres de alta tensão e cobre praticamente toda a costa leste brasileira. Outra é a tecnologia que usamos no Gesac, com transmissão não só por satélite mas também por linha terrestre, via cabo ou rádio, e com isso passaremos de três mil para 18 mil pontos de acesso nos próximos 12 meses. Finalmente, temos a proposta recente de trocar os postos telefônicos nas cidades por internet banda larga nas escolas e hospitais."
Licitações
De acordo com o ministro, o governo não pretende arcar com tudo, nem explorar quaisquer serviços comercialmente. Quer levar os backbones da internet para a entrada das cidades e depois fazer licitações para levar a internet às escolas e demais serviços públicos. Ele também mencionou, assim como outros participantes do painel "Acesso" no IGF, os altos custos de interconexão para a grande rede no caso dos países em desenvolvimento, e afirmou que tais custos precisam baixar para que a internet seja levada a mais pessoas. Segundo Costa, o governo vai fazer seu papel "sem entrar num clima estatizante".
"O governo tem vários quilômetros de fibras ópticas que passam por vários tipos de dutos em todo o pais", explicou. "Ou seja, existem instrumentos técnicos capazes de cobrir todo o pais com internet de alta velocidade. O que não quer dizer que o próprio governo vai prover a internet. Ele não vai ser a empresa que cuidará disso. Pode, sim, haver uma empresa estatal que coordene a junção de todas essas coisas. Creio que a Telebrás pode desempenhar este papel."
O projeto está sendo avaliado em reuniões de todos os ministérios com o presidente Lula, disse o ministro. Além do Ministério das Comunicações, estão envolvidos, por exemplo, o Ministério do Planejamento e a Casa Civil. "Esperamos ter até o fim do mês um resultado definitivo desses entendimentos, e haverá um anúncio", disse Costa. "O objetivo final é tornar a internet viável nos mais de 3 mil municípios sem estrutura de internet de alta velocidade. A integração dessas infra-estruturas será, como eu disse, voltada para os serviços públicos. O governo não quer explorar nada, nem tomar o lugar de ninguém. Queremos a participação das empresas para acelerar o processo."
Segundo Costa, há vários meios de subsidiar essa proposta. O ministro afirmou que só a troca dos postos telefônicos pela infra-estrutura para banda larga representaria R$ 1 bilhão para as empresas, ajudando a cobrir 80% do território nacional. Com a infra-estrutura do Gesac, a cobertura chegaria a 90% do território. Faltariam algumas áreas rurais ainda sem energia elétrica.
O investimento para o projeto de reunir as infra-estruturas foi avaliado por Costa em cerca de R$ 3 bilhões em três anos. Na abertura do painel, o ministro comparou a internet à lendária biblioteca de Alexandria, "só que, agora, à prova de fogo."