Depois da decisão do Banco Central (BC) de começar a reduzir de forma agressiva a taxa básica de juros da economia (Selic), a pressão se volta agora para o Tesouro Nacional. A orientação da equipe econômica é acelerar o processo de redução do volume de títulos da dívida pública interna atrelados à taxa Selic.
A avaliação é de que o momento de dar um "passo definitivo" nessa direção chegou agora com o início do processo de flexibilização monetária. O governo está disposto a pagar um custo maior para trocar os papéis com correção vinculada à Selic as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), por títulos prefixados e atrelados à inflação. Como esses papéis têm maior risco, os investidores cobram um prêmio para comprá-los. Já o papel atrelado à Selic é considerado um ativo financeiro livre de risco.
Com a decisão de reduzir mais rapidamente as ofertas de LFTs, o Tesouro terá de pagar um prêmio ainda maior para fazer a troca. O entendimento do comando do Ministério da Fazenda é de que bancar esse custo fiscal para acelerar a troca agora vai valer à pena para melhorar o perfil da dívida e por fim à chamada "cultura do CDI" no mercado financeiro nacional. Essa cultura faz com que a taxa Selic seja a principal referência para outros ativos negociados.
Segundo uma fonte da Fazenda, o governo sabe que terá resistências para tocar essa estratégia, mas está disposto a "comprar mais essa briga com o mercado" e enfrentar o problema de forma mais agressiva, como fez no passado quando reduziu o volume de títulos atrelados à taxa de câmbio.
Para a equipe do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o fim das LFTs vai dar mais potência à política monetária do BC, tornando mais eficiente o combate à inflação. Uma das alternativas em estudo para acelerar a desindexação é utilizar a chamada "Libor brasileira", o índice recentemente criado pela BM&FBovespa, em substituição à Selic como indexador da parcela pós-fixada da dívida. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.