O governo brasileiro reduzirá os custos trabalhistas para estimular a produtividade e o emprego, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao Financial Times, que publica nesta terça-feira (7) caderno especial sobre o Brasil. "Queremos fazer um salto qualitativo na produtividade e colocar o Brasil à frente do crescimento global", disse Mantega. As medidas, a serem anunciadas nas próximas semanas, permitirão que as empresas brasileiras possam competir no mercado internacional, segundo o ministro.
Conforme o FT, entre as iniciativas está a extinção de contribuições correspondentes a 25,5% sobre a folha de salários que os empregadores têm de pagar para assistência social. "Isso, sem dúvida, removeria um grande elemento do custo Brasil, que enfraquece a competitividade dos negócios", diz o jornal britânico. Mantega afirmou que o corte dos custos trabalhistas não significará a perda de benefícios para os trabalhadores. "Vamos cobrir as reduções com outras medidas", disse, sem revelar qual será o caminho.
O FT avalia que Mantega está "finalmente à vontade". Desde que tomou posse em março de 2006, o ministro tem sido frequentemente "ridicularizado pelos economistas do mercado por sua indecisão e por subverter a austeridade da política monetária do Banco Central com propostas mais leves para a política fiscal".
"Mas agora que a intervenção do Estado está na moda, a ortodoxia econômica e os instintos de Mantega estão mais alinhados", diz a publicação. O FT conta que a recente entrevista de 90 minutos com o ministro começou acanhada, já que Mantega é "frequentemente defensivo". Mas a conversa acabou em "alegre entusiasmo, refletindo sua confiança de que as políticas econômicas do Brasil estão funcionando".
O jornal lista uma série de medidas adotadas pelo País recentemente para enfrentar a crise, como o alívio fiscal para alguns setores, a liberação de R$ 100 bilhões das reservas para melhorar a liquidez do sistema bancário e a destinação de R$ 100 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Como resultado, as vendas de carros e ônibus retornaram ao nível de antes da crise. "Eu só conheço dois países que conseguiram isso: a China, que é 'hors concours', e a Alemanha, que está dando à população um cheque gordo para a compra de veículos", disse Mantega.