Com receitas em queda e despesas em alta, o governo central (formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrou um déficit primário de R$ 8,205 bilhões em junho. Esse é o segundo mês consecutivo em que a equipe econômica não consegue poupar nenhum centavo para o pagamento de juros da dívida pública. O resultado de junho é o pior da série histórica do Tesouro, iniciada em 1997.
No período de janeiro a junho de 2015, o resultado do governo central também foi um déficit primário de R$ 1,597 bilhão. Essa é a primeira vez que o governo central registra resultado negativo no primeiro semestre do ano.
Segundo relatório divulgado pelo Tesouro Nacional nesta quinta-feira (30), as receitas da União somaram R$ 81,137 bilhões em junho. Esse valor representa uma queda real de 5% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Já no acumulado de 2015, o total arrecadado pelo governo federal foi de R$ 513,301 bilhões – uma redução de 3,3% sobre 2014.
As despesas, por sua vez, continuaram a subir. Em junho, os gastos chegaram a R$ 89,343 bilhões e cresceram 2,1% em relação ao ano passado. No período de janeiro a junho, o total de despesas acumulou R$ 514,899 bilhões, o que significa uma alta de 0,5% na comparação com o primeiro semestre de 2014.
Revisão da meta
O péssimo desempenho das contas públicas levou a equipe econômica a encaminhar ao Congresso um projeto propondo a redução da meta de superávit primário de 2015.
Na proposta, a economia do setor público consolidado para o pagamento de juros da dívida pública foi reduzida de R$ 66,3 bilhões, ou 1,19% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), para R$ 8,7 bilhões, ou 0,15% do PIB.
A meta do governo central baixou de R$ 55,3 bilhões (0,99% do PIB) para R$ 5,8 bilhões (0,1% do PIB). Já a de estados e municípios caiu de R$ 11 bilhões (0,2% do PIB) para R$ 2,9 bilhões (0,05% do PIB).
A meta, no entanto, prevê uma cláusula de abatimento caso algumas projeções de arrecadação não se confirmem. Na prática, o resultado pode chegar a um deficit de até R$ 17,7 bilhões.
Investimentos totais
Nos seis primeiros meses sob o comando da nova equipe econômica, os investimentos do governo registram uma queda real de 36,2%. De acordo com dados do Tesouro, os investimentos pagos somaram R$ 27,796 bilhões. Desse total, R$ 23,420 bilhões são restos a pagar, ou seja, despesas de anos anteriores que foram transferidas para 2015. Em junho, as despesas com investimentos foram de R$ 4,165 bilhões, com queda de 29,8% sobre o mesmo mês de 2014.
Os investimentos com o Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 3,226 bilhões em junho e R$ 19,957 bilhões nos seis primeiros meses do ano. As despesas com o PAC subiram 7,2% em junho e caíram 36% no acumulado do ano.
Subsídios e subvenções
As despesas do governo federal com subsídios e subvenções econômicas somaram R$ 11,452 bilhões no primeiro semestre. De acordo com o relatório do Tesouro, houve um aumento real de 108,9% nesses gastos. No ano passado, o governo foi acusado de segurar o repasse de subsídios para fazer frente às dificuldades de caixa, uma das práticas que ficaram conhecidas como “pedalada fiscal”.