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Tragédia no RS

Governo suspende importação de arroz do Mercosul após países subirem 30% valor do grão

Arroz
Leilão de compa foi suspenso após países vizinhos subirem preço do grão, embora entidade diga que importação é desnecessária. (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O governo federal suspendeu o leilão para a importação de arroz do Mercosul que estava marcado para esta terça (21), para suprir uma possível escalada de preços no mercado nacional por causa das enchentes no Rio Grande do Sul, que prejudicam o escoamento da safra colhida.

De acordo com as primeiras informações apuradas pela GloboNews, o motivo foi o aumento de 30% no valor do grão comercializado pelos países vizinhos desde que o edital foi publicado, na última quarta (15). O Broadcast Agro, do Estadão, aponta que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) comunicou às Superintendências Regionais, bolsas de mercadorias e demais interessados que uma nova data será anunciada oportunamente, mas sem esclarecer os motivos do cancelamento.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério da Agricultura para obter mais detalhes do cancelamento e aguarda retorno. Gedeão Silveira Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, afirma que os países do Mercosul “enlouqueceram” após o anúncio do leilão por uma simples questão de “mercado, de oferta e procura”.

Ainda de acordo com ele, essa compra de arroz importada era desnecessária neste momento, já que, mesmo com a possível quebra da produção por causa das enchentes, o Rio Grande do Sul vai colher as mesmas 7,1 milhões de toneladas que produziu na safra do ano passado.

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“Como o Brasil normalmente importa [dos países do Mercosul, por uma questão contratual do bloco] e o resto do país também produz mais 3,5 milhões de toneladas, somando aos 7 milhões do Rio Grande do Sul, nós iríamos a 10,5 milhões de toneladas. O consumo é de 11 milhões de toneladas, e o Mercosul já vinha normalmente colocando o seu arroz no mercado brasileiro”, afirmou em entrevista à GloboNews emendando que não vê motivo para a importação, e que o governo estava atrapalhando o setor ao propor este leilão.

O que está acontecendo, diz, é um “problema logístico” de escoamento da produção gaúcha por conta dos estragos causados nas rodovias do estado, além do sistema de emissão de notas fiscais eletrônicas por conta do alagamento da repartição que emite o documento.

A Conab planejava adquirir 104 mil toneladas de arroz importado, beneficiado e polido da safra 2023/2024. O arroz seria distribuído a pequenos varejistas das regiões metropolitanas, com o preço final ao consumidor de até R$ 4 o quilo.

A primeira remessa seria destinada a São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Pará e Bahia, em embalagens de 2 kg padronizadas com a logomarca do governo federal.

Segundo o Broadcast Agro, embora a Conab não tenha divulgado oficialmente o motivo da suspensão, fontes indicam que o leilão tornou-se inviável devido à ausência da publicação do preço máximo aceito pela companhia, que deveria ter sido divulgado até a última sexta (17), conforme estipulado no edital.

A falta dessa comunicação sugere que o governo está reavaliando a estratégia do leilão, possivelmente adiando, cancelando ou alterando a compra pública de cereal importado.

A suspensão do leilão ocorre também após o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovar a desoneração total do imposto de importação de três tipos de arroz. Duas variedades não parboilizadas e uma polida/brunida foram incluídas na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum.

“O governo está agindo de forma decisiva para garantir a segurança alimentar e o bem-estar de todos os brasileiros. Ao zerar as tarifas, buscamos evitar problemas de desabastecimento ou de aumento do preço do produto no Brasil, por causa da redução de oferta”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

A desoneração total destes três tipos do grão valém até o dia 31 de dezembro e será monitorada e reavaliada enquanto estiver em vigor.

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