O Brasil vai reduzir os financiamentos do BNDES em cerca de 20% no próximo ano, para sustentar as finanças do país, após apresentar o maior déficit fiscal em quase quatro anos. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse à Blomberg News que o BNDES vai prover cerca de R$ 150 bilhões em novos financiamentos em 2014, comparados aos R$ 190 bilhões este ano. A redução em empréstimos pelo BNDES, cujos US$ 232 bilhões em carteira é 60% maior do que o Banco Mundial, seria uma resposta à preocupação levantada pela agências de classificação de risco Moody's e a Standard & Poor sobre o aumento do endividamento público a níveis maiores que o de outras nações com a mesma nota de crédito.

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As contas públicas apresentaram em setembro, de acordo com dados do Banco Central divulgados no último dia 31, déficit recorde para o mês. As despesas do setor público consolidado - União, estados, municípios e empresas estatais - superaram as receitas em R$ 9 bilhões.

Em quatro anos, quase R$ 300 bi de repasses

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Os desembolsos do BNDES pesam na matemática. O banco de fomento recebeu este ano cerca de R$ 20 bilhões em repasses do Tesouro, e pagou R$ 6,4 bilhões em dividendos. Desde 2009, já foram R$ 280 bilhões - R$ 100 bi em 2009, R$ 80 bi em 2010, R$ 55 bi em 2011 e R$ 45 bi no ano passado.

O total, segundo Mantega, vem diminuindo para acomodar a necessidade do governo de economizar nos gastos. Para o banco alcançar a estimativa do presidente Luciano Coutinho de emprestar R$ 150 bilhões em 2013, seriam necessários mais R$ 20 bilhões este ano. Mantega sinalizou, em entrevista recente, que o total do ano não deve ultrapassar R$ 35 bilhões.

Em seminário realizado em setembro nos Estados Unidos, no banco de investimento Goldman Sachs, Mantega afirmou que os empréstimos do BNDES foram importantes no auge da crise, devido à retração dos investimentos privados, mas que a ideia é reduzi-los para que os aportes dos demais bancos se normalizem.

Para ajudar na economia, o ministro da Fazenda anunciou, na quinta-feira passada, que o governo estuda medidas para reduzir as despesas com seguro-desemprego e abono salarial. Os gastos com seguro e abono, segundo ele, variam entre R$ 45 bilhões e R$ 47 bilhões, algo em torno de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). "O governo está sempre preocupado em cumprir as metas fiscais e, nesse sentido, estamos estudando uma maneira de reduzir despesas que temos no governo federal, como as com seguro desemprego e abono", disse Mantega.