O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse nesta quinta-feira (29) que o governo federal vai lutar no Congresso Nacional pela aprovação das mudanças nas regras de concessão de benefícios trabalhistas e previdenciários.
"Nós propusemos as medidas no tamanho que nós achamos correto e vamos defender essas medidas no Congresso, na mídia, em todas as esferas. Abrimos o debate com as centrais sindicais e vamos discutir isso no Congresso", afirmou o ministro após participar de encontro com empresários na sede da Fiesp, em São Paulo.
Questionado sobre a viabilidade de o governo não conseguir cumprir a meta de economia de R$ 18 bilhões com as novas regras, anunciada inicialmente pela equipe econômica do governo Dilma, Barbosa apenas informou que "o tamanho das medidas foi considerado correto", e evitou comentar possíveis flexibilizações no pacote.
Auxílio-doença
As mudanças nas regras do auxílio-doença, uma das medidas consideradas pelo governo para o ajuste fiscal, onera as indústrias, que, já em crise, dizem não poder suportar mais um encargo.
Até agora, a empresa era obrigada a pagar o salário integral do funcionário afastado por doença apenas nos primeiros 15 dias. Pelas novas regras, terá de pagar o salário integral nos primeiros 30 dias de afastamento.
"A posição da indústria é contrária a essa ampliação, porque a indústria já tem uma carga tributária muito elevada. Não estamos de acordo com isso e vamos discutir no Congresso", disse o presidente da Fiesp, Paulo Skaf.
Segundo ele, o ministro não demonstrou abertura para negociar a mudança no auxílio-doença com a indústria na reunião desta quinta.
Segundo o ministro e o presidente da Fiesp, o principal tema da reunião foi a situação econômica do país e da indústria. "Mostramos ao ministro que não há como ter aumento tributário para a indústria. O ajuste fiscal tem que ser por redução de despesas. E ele deixou claro que 70% do ajuste fiscal está do lado da redução de gastos", disse Skaf.
Grupo interministerial
O ministro comentou ainda sobre o grupo de trabalho interministerial criado nesta quinta-feira para acompanhar os gastos públicos.
Segundo ele, a equipe foi montada com dois objetivos: ajudar os ministérios a atravessar este ano, que deverá ser marcado por "forte restrição fiscal", e começar a preparar o planejamento plurianual do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
"O grupo acompanhará qual a situação orçamentária de cada ministério este ano e como poderá se adaptar à necessidade de contingenciamento, que certamente haverá", disse.
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