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Governo vence mercado e elege sete de oito indicados para o conselho da Petrobras

Maior salário pago em estatais foi encontrado pelo Ministério da Economia na Petrobras.
(Foto: Agência Petrobras)

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O governo venceu a batalha com o mercado financeiro e conseguiu eleger sete dos oito nomes que indicou ao conselho da Petrobras. Grandes fundos de investimento estrangeiros ficaram com uma das duas vagas disputadas com a União, numa conturbada Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) de mais de três horas de duração.

Os minoritários tentavam ampliar sua participação no conselho da estatal, mas, após a votação, o governo e demais acionistas mantiveram a atual relação de forças. O controlador continua com sete cadeiras e os minoritários, com três.

Entre os eleitos está o general Joaquim Silva e Luna, substituto de Roberto Castello Branco. O executivo foi demitido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e deixou a estatal nesta segunda-feira (12). Luna ainda terá de ser aprovado pelo novo colegiado, em reunião ainda sem data, para assumir a presidência estatal.

Novo conselho decidirá futuro da gestão, incluindo política de preços

A definição do conselho de administração da Petrobras estava sendo aguardada pelo mercado financeiro. Isso porque vai ficar nas mãos dos seus membros a responsabilidade de decidir possíveis mudanças de rota na gestão da empresa. Há dúvidas, por exemplo, se os novos gestores vão manter a atual política de reajustes de preços dos combustíveis e também o programa de venda de ativos da companhia, conduzidos até então por Castello Branco.

O executivo deixa o cargo após ser alvo de severas críticas de Bolsonaro. Castello Branco foi demitido no dia 19 de fevereiro pelas redes sociais, um dia após ser acusado de ser insensível às dificuldades de consumidores em arcar com a alta dos preços dos combustíveis neste ano. O foco da desavença foram os caminhoneiros, uma importante base eleitoral do presidente da República.

Diante dos sucessivos aumentos de preços do óleo diesel neste ano, a categoria ameaçou repetir a greve histórica que parou o país em maio de 2018.

Na tentativa de ampliar a resistência a possíveis intervenções do governo na companhia, os acionistas minoritários chegaram a indicar quatro candidatos. Mas, no meio da AGE, mudaram de ideia e retiraram duas candidaturas – do advogado Leonardo Antonelli, que tentaria uma recondução, e do banqueiro José João Abdalla. Cientes de que não conseguiriam todos os votos que esperavam, preferiram concentrar os esforços no advogado Marcelo Gasparino. Eleito, ele vai ocupar a vaga de Antonelli no colegiado.

Uma única indicada do governo não conseguiu se eleger, a advogada e especialista em recursos humanos e governança Ana Silvia Corso Matte. Ela não atingiu a marca de 4,6 bilhões de votos mínimos. A União precisaria da ajuda de minoritários para emplacar a candidata, mas não teve sucesso.

O conselho da Petrobras foi reformulado para atender a uma determinação da Lei das Sociedades Anônimas. Pela legislação, se um membro do colegiado sai, todos os demais eleitos na mesma chapa também devem sair. Com a demissão de Castello Branco, ficaram oito vagas em aberto. O conselho é formado, ao todo, por 11 membros, mas três deles foram eleitos separadamente. Permanecem no colegiado os representantes dos empregados, Rosângela Buzanelli, e dos acionistas minoritários, Marcelo Mesquita e Rodrigo Pereira.

A União conseguiu eleger o executivo do setor de petróleo e gás Márcio Weber e Murilo Marroquim; a administradora de empresas Sonia Vilallobos (um pedido do Ministério da Economia); e a engenheira eletricista Cynthia Silveira, ex-funcionária da petrolífera francesa Total. Os militares Eduardo Bacellar e Ruy Schneider serão reconduzidos. Bacellar permanecerá na presidência do conselho.

Também eleito por indicação do governo, o general Silva e Luna vai precisar ainda da aprovação do novo colegiado para assumir o comando executivo da companhia. A data em que isso vai acontecer ainda não está definida. Enquanto isso, um presidente interino será indicado.

Oposição

A assembleia foi marcada também pela oposição de acionistas do setor público ao governo. O fundo de pensão e a gestora de recursos do Banco do Brasil, a Previ e o BB DTVM, respectivamente, se abstiveram de votar pela destituição de Castello Branco. A mesma posição tomou o fundo de investimento em renda variável da Caixa Econômica Federal. Na contramão, o BNDESPar se posicionou favorável à saída do executivo, em linha com as pretensões de Bolsonaro.

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