O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o grande vitorioso na manutenção do reajuste menor para o seguro-desemprego ontem. O sucesso da empreitada, que gerou até desgaste com o colega do Trabalho, Manoel Dias, foi construído minuto a minuto e contou com uma força-tarefa das pastas em cima dos membros do Conselho Deliberativo de do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Enquanto a Fazenda convencia os empresários que o reajuste maior do benefício viria na contramão da estratégia do governo de cortar custos, o Trabalho ficou a cargo de conversar com os sindicatos e pedir uma trégua.
Assim, por 9 votos a 7, venceu o reajuste do seguro-desemprego com base no INPC do ano passado (6,2%). Tripartite, o Codefat é visto como o único conselho que não tem maioria do governo. São 18 membros, divididos igualmente, e com os mesmos poderes: do governo, trabalhadores e do setor patronal. Além da votação unânime governista, três dos quatro empresários presentes ontem à reunião optaram pelo aumento do benefício em cima do índice de inflação.
O governo, porém, não esteve em nenhum momento disposto a perder essa batalha. O plano B no caso de se desenhar uma derrota era pedir vista da proposta mantendo válida a decisão ad referendum tomada pelo então presidente da bancada governista de reajustar o seguro pelo INPC, em dezembro passado.
Nos últimos anos, o seguro-desemprego vinha sendo reajustado como o salário mínimo: inflação do ano anterior mais o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Se essa regra informal continuasse valendo, o reajuste seria de 9%, proposta escolhida pelos representantes dos trabalhadores.
O Ministério do Trabalho havia justificado a alteração como um caminho para tentar ajustar a situação financeira do FAT, que teve déficit de R$ 5,5 bilhões em 2012, coberto por aportes do Tesouro. Mantega, entretanto, já havia enfatizado que o governo seria contrário à elevação do seguro atrelada ao mínimo.