Ao contrário do que ocorria no início do ano, quando o governo adotou medidas para conter o fluxo de dólares para o país, o capital externo de curto prazo chamado de especulativo no jargão do mercado financeiro agora é bem-vindo. O secretário extraordinário de Reformas Econômico-Fiscais do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, admitiu ontem que a decisão de zerar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para os investimentos estrangeiros em aplicações de renda fixa vai beneficiar principalmente a entrada de capital de curto prazo. Ele afirmou que, nesse momento de crise, o Brasil não pode discriminar qualquer tipo de capital.
"No momento que estamos vivendo não faz sentido colocar restrições à entrada de qualquer capital externo. Em situações excepcionais se justificam medidas que do ponto de vista de longo prazo não seriam as melhores", disse. Segundo Appy, a medida tem como objetivo ampliar a oferta de dólares no Brasil nesse momento de restrição de liquidez.
O governo decidiu zerar o IOF cobrado de investidores estrangeiros que compram títulos do governo federal e de empresas que trazem recursos de empréstimos e financiamentos para o Brasil ou estão remetendo dólares para honrar esses pagamentos no exterior. Além de reduzir o custo para as empresas e estrangeiros que aplicarem no país, a medida também terá o efeito adicional de aumentar a diferença entre as taxas de juros internas e externas.
Na prática, isso significa maior rentabilidade para o capital que entra no país e, portanto, menor necessidade de aumento das taxas de juros. Na semana que vem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para fixar a Selic, a referência para os juros do país.
No início do ano, para compensar o fim da cobrança da CPMF (tributo do cheque), o governo decidiu taxar as remessas e recebimentos de empréstimos por empresas no Brasil com alíquota de 0,38%. Entre as operações que começaram a ser tributadas estava, por exemplo, a emissão de bônus no exterior por empresas brasileiras.
O imposto vinha sendo cobrado quando o dinheiro entrava no país e quando a companhia remetia dólares para quitar a dívida lá fora. Agora, o decreto elaborado pelo Ministério da Fazenda zera as duas cobranças nas operações feitas de ontem.
Lula vai trabalhar crise dos deportados internamente sem afrontar Trump
Delação de Mauro Cid coloca Michelle e Eduardo Bolsonaro na mira de Alexandre de Moraes
Crise do Pix, alta de alimentos e Pé-de-Meia mostram que desconfiança supera marketing de Lula
Tiro no “Pé-de-Meia”: programa pode levar ao impeachment de Lula; ouça o podcast
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast