Quase 90% dos investimentos privados atraídos pelo programa Paraná Competitivo foram ou serão aplicados em cidades da Região Metropolitana de Curitiba e dos Campos Gerais. Os projetos de construção e ampliação de fábricas nessas regiões somam R$ 22,1 bilhões, o equivalente a 89,3% do desembolso de R$ 24,8 bilhões previsto para todo o estado.
A participação das duas regiões no programa é muito superior a seu peso na economia paranaense. Conforme o dado mais recente, relativo a 2012, elas são responsáveis por 51,3% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Em compensação, as outras oito regiões do estado, que concentram 48,7% do PIB, dividem apenas 8,3% dos investimentos, pouco menos de R$ 2,1 bilhões. Empresas que respondem por 2,3% do desembolso total ainda não definiram onde vão se instalar.
Os números foram calculados pela Gazeta do Povo com base em uma lista de 203 projetos incluídos no regime de incentivos fiscais desde 2011, quando ele foi lançado pelo governo estadual. A relação, preparada pela Secretaria de Estado da Fazenda, abrange as empresas que aderiram até julho deste ano.
A fatia da Grande Curitiba, com 45% dos recursos, é semelhante à sua parcela na geração de riquezas do estado (45,5%). A concentração desproporcional de investimentos em apenas duas regiões do estado se deve, portanto, ao sucesso dos Campos Gerais.
A região, responsável por 5,9% do PIB paranaense, atraiu 44,3% dos investimentos anunciados desde 2011. De seus 14 municípios, nove têm projetos no Paraná Competitivo, dos ramos mais diversos. Estão na lista cooperativas, madeireiras, fábricas de embalagens, de tubos de PVC, indústrias químicas, do setor automotivo e outras. Há companhias ampliando a produção, como a cervejaria Heineken, e também recém-chegadas, caso de sua concorrente Ambev.
Também está no rol a construção da fábrica de celulose da Klabin em Ortigueira, ao custo de R$ 7 bilhões, o maior projeto em andamento no estado, e a ampliação da papeleira da empresa em Telêmaco Borba, estimada em R$ 230 milhões. Mesmo excluindo esses dois empreendimentos da lista, a fatia dos Campos Gerais no Paraná Competitivo segue elevada, com 21,3% dos investimentos totais.
Motivos
Para Jandir Ferreira de Lima, professor e pesquisador de Desenvolvimento Regional da Unioeste, a ida de empresas para Ponta Grossa e arredores tem a ver com uma certa saturação na região de Curitiba. E quem olha para o entorno da capital em busca de alternativas, diz Lima, nota que Ponta Grossa está relativamente próxima do Porto de Paranaguá e tem rodovia duplicada, um grande entroncamento ferroviário e mão de obra qualificada.