Se a maioria dos varejistas sentiu os efeitos da crise econômica nos dois últimos anos, as grandes redes de farmácia aparentam estar imunes à recessão. Só no primeiro semestre deste ano, as vendas do setor cresceram 12,6%, resultado que consolida o desempenho positivo verificado desde 2011, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Com o faturamento em alta, os grupos mantêm os projetos de expansão e continuam abrindo lojas por todo o país, inclusive no Paraná.
INFOGRÁFICO: Faturamento do setor de farmácias desde 2011
Desde 2011, os grandes grupos de farmácias do país apresentam crescimento constante na casa de dois dígitos. No ano passado, o setor movimentou R$ 35,94 bilhões em vendas, valor 12% maior do que o registrado no período anterior. Para este ano, a expectativa é que o número, pelo menos, se mantenha, já que no primeiro semestre o grande varejo farmacêutico faturou R$ 19,32 bilhões, resultado 12,6% superior ao mesmo período de 2015.
Acompanhe a Gazeta do Povo no LinkedIn
A Abrafarma, entidade que reúne as 27 maiores redes de farmácias, atribui o constante crescimento a boas práticas de gestão e aumento da venda de não medicamentos. Segundo Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da entidade, as empresas investiram na construção de centros de distribuição próprios e na parceria com indústrias para compra de medicamentos e demais produtos.
“Nesse setor, a falta de produto é fatal. Por isso, as grandes empresas investem em sistema próprio de abastecimento para ter uma gestão do estoque eficiente e não faltar medicamento”, explica Barreto. O fato de o setor vender itens essenciais, como medicamentos e produtos de higiene, também contribui para o crescimento constante, avalia o presidente da Abrafarma.
O bom desempenho está atrelado ainda à venda dos não medicamentos. Inspiradas no modelo de farmácia americano, as grandes redes estão há cerca de 15 anos oferecendo itens de higiene, cosméticos, perfumaria. Mais recentemente passaram a vender alimentos.
A venda dos não medicamentos já corresponde a 35% do volume comercializado e é essencial para aumentar o ticket médio e percentual de lucro das lojas. “Os remédios têm preço tabelado. Com os não medicamentos é possível aumentar a margem de ganho”, explica Barreto.
Só não é possível dizer que todas as grandes redes passaram imunes à crise, pois alguns grupos tiveram que realizar cortes de custos e remodelar suas operações. É o caso da curitibana Nissei, que em 2014 passou por um processo de reestruturação que mudou processos internos e fechou unidades com resultados deficitários. As mudanças serviram para a rede se antecipar ao agravamento da crise e voltar a abrir lojas em 2015.