Em recuperação judicial, as Lojas Americanas não informaram se têm liquidação em curso ou programada para os próximos dias.| Foto: Jonathan Campos/Arquivo/Gazeta do Povo
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As dificuldades enfrentadas por empresas do comércio no ano passado com pedidos de recuperação judicial, altos juros e margens apertadas, impediu que grandes redes entrassem na guerra de ofertas que marca, historicamente, o mês de janeiro. Mesmo a Sampa Week, liquidação que já reuniu por quatro anos seguidos as lojas da cidade de São Paulo, não acontecerá em 2024.

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Os juros altos, uma das maiores reclamações do setor, impactam varejistas de diferentes maneiras. Como na queda do faturamento, com as pessoas tendo menor acesso a crédito e consumindo menos. Já as dívidas financeiras crescem, diminuindo o resultado líquido, ou mesmo tornando-o negativo.

“Não prevemos que a taxa de juros terminará 2024 abaixo de dois dígitos. No entanto, esperamos que ela se estabilize em torno de 10%, o que é significativamente melhor do que os 13,75% enfrentados este ano por oito meses”, prevê Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores.

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Estoques baixos e maior rentabilidade

Na outra ponta, o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, justifica que a ausência das conhecidas liquidações tem mais relação com a busca das grandes redes por maior rentabilidade, além do reconhecimento de um baixo estoque à disposição.

“O varejo vem de um ano de muita racionalidade em custos e, principalmente, em estoques. Neste momento, com algumas exceções, não vejo ninguém super estocado e com mercadoria sobrando”, pondera Terra.

Apesar da realidade que se apresenta, o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, ainda acredita que as liquidações devem acontecer durante o mês de janeiro. Ele argumenta que, especialmente no mês de dezembro, as vendas foram fracas e concentradas em itens de menor valor. "Não sei porque as liquidações não começaram ainda”, disse ele, com a perspectiva de que tenha sobrado mercadoria.