As dificuldades enfrentadas por empresas do comércio no ano passado com pedidos de recuperação judicial, altos juros e margens apertadas, impediu que grandes redes entrassem na guerra de ofertas que marca, historicamente, o mês de janeiro. Mesmo a Sampa Week, liquidação que já reuniu por quatro anos seguidos as lojas da cidade de São Paulo, não acontecerá em 2024.
Os juros altos, uma das maiores reclamações do setor, impactam varejistas de diferentes maneiras. Como na queda do faturamento, com as pessoas tendo menor acesso a crédito e consumindo menos. Já as dívidas financeiras crescem, diminuindo o resultado líquido, ou mesmo tornando-o negativo.
“Não prevemos que a taxa de juros terminará 2024 abaixo de dois dígitos. No entanto, esperamos que ela se estabilize em torno de 10%, o que é significativamente melhor do que os 13,75% enfrentados este ano por oito meses”, prevê Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores.
Estoques baixos e maior rentabilidade
Na outra ponta, o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, justifica que a ausência das conhecidas liquidações tem mais relação com a busca das grandes redes por maior rentabilidade, além do reconhecimento de um baixo estoque à disposição.
“O varejo vem de um ano de muita racionalidade em custos e, principalmente, em estoques. Neste momento, com algumas exceções, não vejo ninguém super estocado e com mercadoria sobrando”, pondera Terra.
Apesar da realidade que se apresenta, o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, ainda acredita que as liquidações devem acontecer durante o mês de janeiro. Ele argumenta que, especialmente no mês de dezembro, as vendas foram fracas e concentradas em itens de menor valor. "Não sei porque as liquidações não começaram ainda”, disse ele, com a perspectiva de que tenha sobrado mercadoria.
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