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Renda agrícola

Grãos sofrem baixas e têm quadro incerto

Soja se desvalorizou US$ 1,1 por bushel nesta semana na Bolsa de Chicago. |
Soja se desvalorizou US$ 1,1 por bushel nesta semana na Bolsa de Chicago. (Foto: )
Lavouras colhidas nos EUA têm apresentado os mais diferentes rendimentos. |

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Lavouras colhidas nos EUA têm apresentado os mais diferentes rendimentos.

As commodities agrícolas sofrem as conseqüências da crise norte-americana na Bolsa de Chicago. Os preços da soja e do milho acompanham as tendências de queda. Em apenas três dias de turbulência, a desvalorização foi de até US$ 1,1 por bushel na Chicago Board of Trade (CBOT).

Uma semana atrás o quadro já era de crise anunciada. Na sexta-feira, ainda na expectativa da aprovação do pacote de socorro proposto pelo governo dos Estados Unidos, os grãos encerraram as negociações em baixa. Na segunda, com a rejeição do Congresso, o nervosismo se intensificou. De US$ 11,64, a soja foi encerrou ontem a US$ 10,53 por bushel (27,2 quilos). O milho recuou de US$ 5,43 para US$ 4,84 o bushel (25,4 quilos).

A notícia ampliou um quadro de incertezas. A safra dos Estados Unidos começa a ser colhida e ainda é mais especulação que resultado. No Brasil, o agricultor planta de olho no desempenho dos norte-americanos, preocupado com o impacto que um ciclo cheio no Hemisfério Norte pode ter nos preços internacionais.

A oferta total do maior produtor mundial de grãos na temporada 2008/09 deve ser conhecida apenas no final de novembro, na fase final da colheita. Por enquanto, o que se sabe com certeza é que os Estados Unidos entraram na safra 2008/09 com estoques de soja maiores que o previsto. Na terça-feira, o relatório de fechamento da temporada 2007/08 do departamento de agricultura do país (USDA) mostrou que o volume armazenado era 3 milhões de toneladas maior que o estimado, o que ajudou a pressionar as cotações na CBOT para baixo. No dia 10, o governo norte-americano divulga outro relatório, aguardado com ansiedade pelo mercado.

A valorização do petróleo, que voltou a superar os US$ 100 o barril, e a alta do dólar, que torna as exportações norte-americanas menos competitivas, também contribuíram para disseminar o tom baixista nesta semana.

Além disso, houve fuga de capital especulativo do mercado de commodities. Com as turbulências financeiras, muitos investidores saíram dos grãos para investir em mercados de menor risco.

Para Alvaro Ancêde, corretor brasileiro com escritório nos EUA, a preocupação é com a tendência de uma queda ainda maior. Ele acredita que até o final do ano o preço da oleaginosa chegará a US$ 9 por bushel. A principal variável está na conclusão da safra norte-americana. Por outro lado, as previsões para o próximo ano vão depender da América do Sul, principalmente Brasil e Argentina, que juntos já respondem por 49% da produção mundial de soja.

"O produtor tinha que ‘estar’ vendido. Foi um erro não negociar mais durante os picos de preço do início do ano", analisa Ancêde.

Mas nem todo mundo perdeu dinheiro. Quem se antecipou e fixou parte da produção conseguiu preços elevados. Foi o caso de Terry Gerken, de Sterling, nos Estados Unidos. A soja que ainda será colhida foi travada a US$ 14,60 o bushel, bem perto do pico de US$ 16 alcançado em junho. No milho, ele não teve a mesma sorte. O melhor preço que conseguiu foi US$ 6,60, o que não é ruim, mas fica abaixo do teto de US$ 7,53 do final de junho.

Gabriel Pesciallo, analista da AgRural nos EUA, concorda que a tendência é de baixa. Ele afirma que, neste momento de safras indefinidas e recessão econômica, ninguém sabe ao certo para onde o mercado irá. Mas nem tudo está perdido. A relação cambial começa a ajudar o produtor, apesar de ainda ser insuficiente para anular o recuo das cotações das commodities. Para garantir a sustentabilidade da produção, ele recomenda planejar os custos e aproveitar os picos de preço para venda escalonada.

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