A Grécia começou a negociar ontem com bancos internacionais sobre um proposto programa de troca de bônus para reduzir o ônus da dívida do país. Uma autoridade que participa das negociações afirmou que um acordo precisa ser alcançado até setembro. As conversas são baseadas na proposta feita na semana passada pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), um organismo que reúne os maiores bancos do mundo. Esse plano prevê a troca de cerca de 135 bilhões de euros em bônus do governo grego com vencimento entre agora e 2020 por dívida nova de 15 e 30 anos.
De acordo com uma fonte, um acordo precisa ser fechado antes de a Grécia receber a próxima parcela do pacote de ajuda internacional de 110 bilhões de euros, oferecido pelos países da zona do euro e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no ano passado. A elegibilidade da Grécia para receber o próximo desembolso será avaliada em setembro. "[O acordo sobre os bônus] precisa estar pronto a tempo para que nós continuemos dentro do cronograma para a próxima parcela", disse a autoridade, acrescentando que a Grécia tem como meta 90% de participação dos credores do setor privado na troca de bônus.
O plano do IIF pretende eliminar 13,5 bilhões de euros da dívida pública total de 350 bilhões de euros da Grécia. Até agora, mais de duas dúzias de bancos e instituições financeiras com cerca de 40% da dívida grega assinaram o acordo.
Na semana passada, líderes da União Europeia concordaram com um novo programa de assistência de 109 bilhões de euros para que o governo grego cubra suas necessidades financeiras nos próximos anos. No entanto, incertezas em torno dos detalhes sobre o programa de troca de bônus têm pesado sobre os mercados financeiros europeus. "O mercado tem muitas dúvidas, e é importante que elas sejam solucionadas rapidamente", comentou um analista.
França
O ministro das Finanças da França, François Baroin, disse ontem que os bancos e seguradoras franceses prometeram oferecer 15 bilhões de euros à Grécia na forma de trocas de títulos gregos das suas carteiras com descontos. As instituições financeiras francesas e alemães são as estrangeiras que detêm mais títulos públicos gregos.
A contribuição do setor privado no segundo plano de resgate à Grécia é estimado em 37 bilhões de euros, na forma de rolagem, troca de títulos e recompra com desconto.
Baroin disse que os bancos e seguradoras franceses vão participar com todos os seus títulos gregos que vencem até 2020, no valor de "cerca de 15 bilhões de euros". As instituições financeiras receberam as opções de trocar ou rolar a dívida por títulos com vencimento e juros mais longos ou com valor de face menor. O ministro não disse qual das opções foi escolhida.