O governo e a oposição da Grécia chegaram, no fim da tarde de ontem, a um acordo político para a escolha do novo primeiro-ministro do país, o qual deverá liderar um governo de coalizão que implementará as medidas econômicas de austeridade exigidas pela União Europeia (UE) para que o país receba seu segundo pacote de socorro (de 130 bilhões de euros), informou a emissora estatal de televisão NET. Os dois mais cotados para ocupar o cargo são o economista Lucas Papademos e o ombudsman da UE, Nikiforos Diamantouros. O nome do escolhido, segundo a NET, só será anunciado hoje.
As negociações entre o governista Partido Socialista (Pasok) e o oposicionista Nova Democracia se arrastavam desde o fim de semana, primeiro com a oposição exigindo a renúncia do premiê George Papandreou, o que teria sido acertado, e depois com a relutância do líder da oposição de centro-direita, Antonis Samaras, em comprometer a imagem do seu partido ao aceitar ministérios importantes no novo governo, que será de transição e terá de implementar duras medidas de austeridade.
A oposição teme que indicar representantes para o gabinete de governo que terá de implementar duras medidas de austeridade possa prejudicar sua imagem. Segundo pesquisas de opinião, o Nova Democracia lidera a corrida para as eleições de fevereiro. "Samaras insiste em um governo de tecnocratas, mas ele está sob pressão de Papandreou para participar integralmente do novo governo", disse uma autoridade do Pasok que tem conhecimento das discussões.
A Nova Democracia vinha sistematicamente se opondo às medidas de austeridades exigidas pela "troika", mas em vista das pressões europeias resolveu ceder. O partido disse defender a manutenção do ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, para que as políticas anticrise não sejam interrompidas. "Nós nos comprometemos e vamos honrar nossos compromissos. O Ministério das Finanças, assim como o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, deveriam ficar pelo bem da continuidade", disse uma fonte da Nova Democracia.
Candidato
O economista Lucas Papademos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), é um dos nomes mais cotados para liderar o novo governo interino. Ele teria sido contatado por Papandreou, mas não quis se comprometer até que houvesse um acordo sobre o gabinete.
Papademos também teria exigido garantias de que conseguiria avançar com as reformas exigidas pelos credores internacionais da Grécia, sem a interferência do Pasok e do Nova Democracia, e teria solicitado que o governo de transição fique no poder por um tempo muito maior que o pretendido pelos dois partidos, que concordaram em marcar eleições gerais para 19 de fevereiro de 2012.
A Grécia pretende negociar o pagamento de 80 bilhões de euros até o fim de fevereiro. O plano para salvar o país da crise prevê empréstimos de até 100 bilhões de euros até 2020. Em troca, o Parlamento precisa ratificar o acordo antes de 2012, o que exigirá novos sacrifícios para a população. A dívida pública grega é de 350 bilhões, o equivalente a 165% do seu PIB.