Lucas Papademos é o favorito para ser o novo líder grego, mas ele teria feito várias exigências para aceitar o cargo, como um período maior no poder| Foto: Stan Honda/AFP

Alívio

País receberá nova parcela de 8 bi de euros

Os ministros das Finanças dos países da zona do euro decidiram ontem que a Grécia receberá a sexta parcela de 8 bilhões de euros do primeiro pacote de ajuda financeira assim que o novo governo de união nacional der uma declaração por escrito sobre sua intenção de respeitar o acordo finalizado em 26 de outubro. A afirmação é do ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos.

"O resultado da reunião de hoje [ontem] é que a zona do euro está preparada para implementar totalmente a decisão de 26 de outubro, começando pelo desembolso no momento apropriado da sexta tranche [parcela], desde que e assim que o novo governo e as forças políticas que o apoiam reafirmarem por escrito os compromissos do país", disse Venizelos em comunicado distribuído ao fim da reunião dos ministros em Bruxelas.

Segundo Venizelos, "imediatamente depois de o compromisso por escrito ter sido entregue, a troika irá a Atenas para as necessárias negociações que levarão a um novo programa de ajuda"; a referência é ao trio formado por União Europeia, Banco Central Europeu e FMI.

Agência Estado

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BCE aumenta compra de títulos

O Banco Central Europeu (BCE) intensificou a compra de títulos da dívida de países da zona do euro para 9,5 bilhões de euros na semana passada, segundo dados divulgados ontem. O total da semana passada é 4 bilhões de euros superior às compras da semana anterior. As compras visam manter o controle sobre os custos dos empréstimos da Itália e Espanha, para que não sucumbam à crise da dívida grega.

Apesar das compras, os rendimentos dos títulos italianos subiram na semana passada, diante das incertezas dos investidores sobre a implementação de reformas nas finanças do país. Ontem, os juros da dívida a dez anos chegaram a 6,66%, os mais altos desde que a Itália entrou na zona do euro, em 1999 (leia mais na página 19). Quando o Banco Central Europeu retomou as compras de títulos em agosto, os rendimentos caíram de mais de 6% para pouco menos de 5%.

Apesar da ação do BCE, Mario Draghi, o novo presidente italiano da instituição, advertiu os governos na semana passada de que não deveriam depender da compra de títulos para manter o custo dos empréstimos baixo por qualquer período.

Folhapress

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O governo e a oposição da Grécia chegaram, no fim da tarde de ontem, a um acordo político para a escolha do novo primeiro-ministro do país, o qual deverá liderar um governo de coalizão que implementará as medidas econômicas de austeridade exigidas pela União Europeia (UE) para que o país receba seu segundo pacote de socorro (de 130 bilhões de euros), informou a emissora estatal de televisão NET. Os dois mais cotados para ocupar o cargo são o economista Lucas Papademos e o ombudsman da UE, Nikiforos Diaman­touros. O nome do escolhido, segundo a NET, só será anunciado hoje.

As negociações entre o governista Partido Socialista (Pasok) e o oposicionista Nova Democracia se arrastavam desde o fim de semana, primeiro com a oposição exigindo a renúncia do premiê George Papandreou, o que teria sido acertado, e depois com a relutância do líder da oposição de centro-direita, Antonis Samaras, em comprometer a imagem do seu partido ao aceitar ministérios importantes no novo governo, que será de transição e terá de implementar duras medidas de austeridade.

A oposição teme que indicar representantes para o gabinete de governo – que terá de implementar duras medidas de austeridade – possa prejudicar sua imagem. Segundo pesquisas de opinião, o Nova Democracia lidera a corrida para as eleições de fevereiro. "Samaras insiste em um governo de tecnocratas, mas ele está sob pressão de Papandreou para participar integralmente do novo governo", disse uma autoridade do Pasok que tem conhecimento das discussões.

A Nova Democracia vinha sistematicamente se opondo às medidas de austeridades exigidas pela "troika", mas em vista das pressões europeias resolveu ceder. O partido disse defender a manutenção do ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, para que as políticas anticrise não sejam interrompidas. "Nós nos comprometemos e vamos honrar nossos compromissos. O Ministério das Finanças, assim como o ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, e sua equipe, deveriam ficar pelo bem da continuidade", disse uma fonte da Nova Democracia.

Candidato

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O economista Lucas Papa­demos, ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), é um dos nomes mais cotados para liderar o novo governo interino. Ele teria sido contatado por Papandreou, mas não quis se comprometer até que houvesse um acordo sobre o gabinete.

Papademos também teria exigido garantias de que conseguiria avançar com as reformas exigidas pelos credores internacionais da Grécia, sem a interferência do Pasok e do Nova Demo­cracia, e teria solicitado que o governo de transição fique no poder por um tempo muito maior que o pretendido pelos dois partidos, que concordaram em marcar eleições gerais para 19 de fevereiro de 2012.

A Grécia pretende negociar o pagamento de 80 bilhões de euros até o fim de fevereiro. O plano para salvar o país da crise prevê empréstimos de até 100 bilhões de euros até 2020. Em troca, o Parlamento precisa ratificar o acordo antes de 2012, o que exigirá novos sacrifícios para a população. A dívida pública grega é de 350 bilhões, o equivalente a 165% do seu PIB.