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Grécia põe Merkel contra a parede

A chanceler Angela Merkel: decisão entre euro e seu governo | Fabrizio Bensch/Reuters
A chanceler Angela Merkel: decisão entre euro e seu governo (Foto: Fabrizio Bensch/Reuters)

O governo da Grécia fez ontem uma proposta para estender em dois anos o prazo para que o país cumpra as metas de déficit sem exigir que os parceiros da zona do euro peçam mais dinheiro a seus parlamentos, segundo fontes. O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, apresentou a proposta ao presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e deve defendê-la diante da chanceler da Alemanha, Angela Merkel amanhã. A rodada termina com o presidente da França, François Hollande, no sábado.

A primeira recepção não foi muito animadora. Juncker afirmou que a prorrogação dependerá do relatório do grupo de credores do país, formado por União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional e conhecido como troika. "No que se refere à prorrogação pedida pelo governo grego, teremos que esperar o informe a troika", disse.

A proposta envolve permitir que a Grécia implemente os cortes no orçamento até 2016, em vez de até 2014, como determina o acordo atual. Se isso for aproado, o governo grego terá de reduzir seu déficit orçamentário em 1,5 ponto porcentual do Produto Interno Bruto (PIB) por ano, em vez de 2,5 ponto porcentual do PIB por ano como previsto atualmente. Uma extensão de dois anos custaria aos credores da Grécia pelo menos 20 bilhões de euros (US$ 24,8 bilhões), segundo autoridades do governo grego.

Decisão difícil

O pedido grego coloca Angela Merkel diante de uma das decisões mais difíceis de sua carreira nas próximas semanas: correr o risco do desmoronamento da zona do euro ou de seu governo. Se Atenas não receber mais prazo ou mais dinheiro, pode ser forçada a deixar o euro, um resultado que minaria a tênue confiança dos mercados financeiros em outros membros da região, entre eles Itália e Espanha.

Por outro lado, qualquer ampliação do resgate enfrentará forte oposição da coalizão de centro-direita de Merkel no Parlamento alemão, o Bundestag. Os parceiros menores da coalizão alemã são especialmente contra emprestar mais dinheiro à Grécia, ameaçando deixar Merkel sem uma maioria governamental ou sem um caminho plausível para cobrir as necessidades de financiamento de Atenas. "É um dos mais difíceis dilemas que ela tem enfrentado como chanceler", disse um assessor de Merkel.

Desde quando a crise da zona do euro começou na Grécia, no fim de 2009, os críticos têm acusado Merkel de brincar com o tempo, prorrogando decisões até o último minuto. Isso não deve mudar: a chanceler não deve chegar a uma decisão nas próximas semanas, disseram autoridades alemãs.

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