Funcionários da União Europeia consultados ontem pela agência de notícias Reuters afirmaram ser improvável que a Grécia possa pagar suas dívidas e outra reestruturação da dívida pública pode ser necessária. Esta terá de ser bancada pelo Banco Central Europeu (BCE) e governos da zona do euro.
De acordo com as fontes, os inspetores da troika grupo formado por membros do BCE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) tiraram as primeiras conclusões da visita, iniciada nessa terça. Oficialmente, a comitiva afirma que a análise da sustentação da dívida grega será divulgada na semana que vem.
No entanto, os especialistas consideram que os principais credores gregos a instituição financeira do bloco e os governos da zona do euro vão precisar reestruturar a dívida do país, que chega a 200 bilhões de euros (R$ 480 bilhões).
Para os representantes da troika, a Grécia está "muito fora do eixo" e o principal responsável foi o período de transição política no país, em que, segundo eles, "nada foi feito". "A situação vai de mal a pior, e com aumento da dívida", diz um dos envolvidos nas negociações com Atenas.
As fontes afirmam que a Grécia está longe de alcançar a meta de redução da dívida de 160% para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, com a que Atenas se comprometeu para receber um resgate de 130 bilhões de euros (R$ 312 bilhões) e permitir a troca dos títulos da dívida pública.
Como resultado do pouco avanço na reestruturação financeira, o FMI pode decidir sair do segundo programa de resgate, oferecido em fevereiro de 2011. Caso isso aconteça, os países da União Europeia e o BCE teriam de cobrir os empréstimos aos gregos, o que poderia aumentar a crise financeira no bloco e no continente.
Para que o cronograma seja cumprido e a crise não se amplie, os membros do banco europeu estudam fazer uma renúncia de 40 bilhões de euros de recebimento dos títulos gregos ou os outros 16 estados da zona do euro, que compraram títulos gregos, deverão abrir mão de receber os valores.
Os envolvidos nas negociações revelam que seis países são contrários a qualquer renúncia em relação ao valor pago pelos gregos.
Mais cedo, o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, afirmou que vai pressionar pela implementação de profundos cortes de gastos e criticou sem citar nomes autoridades estrangeiras por sabotarem os esforços do país para resolver seus problemas.
Samaras disse que a economia pode encolher mais de 7% em 2012 e que a Grécia levará dois anos para retornar ao crescimento. O desemprego está perto de 24%, disse ele.
Uma equipe da troika chegou a Atenas na segunda-feira. Os chefes da missão chegarão ainda nesta semana e devem se encontrar com o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, na quinta-feira. Samaras vai se reunir com os chefes da troika na sexta-feira, depois de reunião com os líderes políticos que apoiam seu governo.