Loja no centro comercial de Atenas: economia começa a sair da crise.| Foto: Yorgos Karahalis/Reuters

Um dos principais símbolos da crise financeira internacional, que começou com a quebra de um banco nos EUA em 2008 e se transformou em um problema de endividamento dos governos da Europa nos anos seguintes, a Grécia saiu da recessão esta semana, após seis anos de contração da economia. O PIB do país cresceu 0,7% no terceiro trimestre ante o segundo e teve expansão de 1,7% na comparação com o mesmo período do ano passado, um dos mais altos da zona do euro.

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Mesmo assim, uma recuperação plena ainda está bastante distante. "Eu prometo que o crescimento vai continuar, e mesmo em um ritmo mais rápido", disse o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras. "Nenhum grego ficará para trás. A esperança voltou, a Grécia voltou", afirmou.

Mas ele sabe que o trabalho de reconstrução do país será longo. Uma em cada cinco famílias não tem sequer um membro empregado e quase um terço da população perdeu o auxílio saúde em função do longo período de desemprego. Mais de 250 mil empresas foram à falência. As consequências da recessão, incluindo as duras medidas de austeridade impostas pelos governantes que se sucederam nos últimos anos, têm sido sentidas ampla e fortemente sentidas pela sociedade grega, afetando muitas das tradições do país.

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"O cronograma da crise não coincide com as consequências sociais. A recessão econômica pode ter acabado após seis anos, mas a crise social vai levar muito mais tempo", diz o sociólogo Alexander Kentikelenis, da Universidade de Cambridge. Com o desemprego entre os jovens ainda acima de 50%, muitos analistas falam de uma geração perdida. Existem indícios de que a alta do desemprego levou a um aumento no alcoolismo, uso de drogas, pobreza e mesmo queda na taxa de natalidade, entre outros problemas.

Para Dimitri B. Papadimitriou, presidente do Levy Economics Institute, a esperança de uma recuperação econômica baseada no incentivo às exportações não é realista. Para ele, o crescimento só será estimulado por um grande programa de desenvolvimento financiado, pelo menos em parte, pela União Europeia. "Os orçamentos continuarão apertados por anos e pode levar uma década para o nível de emprego voltar ao patamar pré-crise. Uma recuperação sem empregos não é uma recuperação", afirma.

Durante a recessão, a Grécia recebeu centenas de milhões de euros em ajuda da União Europeia, que impediram que o país fosse à bancarrota e acabasse sendo forçado a sair da zona do euro, o bloco de países que usam a moeda comum. Entretanto, em troca o governo teve de implantar fortes cortes de gastos e aumentos de impostos, que apesar de fortalecerem as contas públicas, acentuaram os impactos negativos na economia.