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Grécia se torna primeiro país avançado a dar calote

Milhares de manifestantes  voltaram a protestar nesta terça-feira (30) a favor da permanência da Grécia na zona do euro. | Alexandros Vlachos/Efe
Milhares de manifestantes voltaram a protestar nesta terça-feira (30) a favor da permanência da Grécia na zona do euro. (Foto: Alexandros Vlachos/Efe)

A expectativa se confirmou e a Grécia não pagou a dívida de 1,6 bilhão de euros com o Fundo Monetário Internacional (FMI) vencida nesta terça-feira (30), transformando-se no primeiro país desenvolvido a dar um calote no Fundo.

Segundo o FMI, o país fica impedido de receber novos financiamentos enquanto estiver devedor. O drama aumenta porque expirou também o socorro de 245 bilhões de euros dado pelo FMI e pelo Banco Central Europeu (BCE): os gregos ficaram pela primeira vez desde 2010 sem ajuda financeira externa.

O temor de um colapso econômico gera apreensão pelas ruas de Atenas, capital de um país com o maior desemprego da Europa (25%) e dívida pública de quase 180% do PIB. Os bancos seguem fechados em razão do controle de capital (restrição para transações financeiras, com limite no saque em caixas automáticos) imposto pelo governo há dois dias para evitar a insolvência de suas instituições.

Um grande protesto ocorreu na noite desta terça no centro de Atenas a favor de um acordo com os credores, aumentando a pressão sobre o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras, do partido de esquerda Syriza, eleito em janeiro.

Plebiscito

Um plebiscito foi convocado para este domingo (5) para aprovar ou não um acordo. O problema é que, em tese, a proposta em votação – medidas discutidas até sexta passada – não existe mais.

Tsipras tentou uma última cartada na tarde desta terça: propôs estender o prazo do programa de resgate, que expirou durante o dia. Sem essa extensão, os gregos perdem o direito de receber a última parcela (de 7,2 bilhões de euros), necessária para pagar FMI, funcionalismo e pensionistas.

Pediu ainda um socorro de dois anos ao ESM (Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira), fundo vinculado à União Europeia e que foi criado há três anos, depois que a crise grega contaminou outros países da região.

Não deu certo. Os ministros de Finanças do bloco da moeda única, que tem 19 países incluindo a Grécia, negaram a prorrogação. O bloco avisou que deve rediscutir o novo socorro nesta quarta (1º), mas não deu brecha para salvar o país do calote.

O governo da Alemanha se posicionou imediatamente contra o socorro emergencial. A chanceler Angela Merkel quer esperar o plebiscito porque aposta na vitória do “sim”, a favor de uma negociação com a zona do euro, enfraquecendo o premiê grego, que faz campanha pelo “não”. Na segunda (29), Tsipras, que faz campanha abertamente pelo “não”, insinuou que pode renunciar se o “sim” vencer.

Como ainda está aberta a negociação para um novo socorro até sexta-feira (3), não se descarta que o plebiscito seja cancelado – por ora, no entanto, está mantido.

Impasse

O calote no FMI é o capítulo mais dramático de uma novela de cinco meses de negociação, em que credores exigiam medidas de austeridade fiscais não aceitas pela Grécia. Tsipras foi eleito com discurso contrário a esses cortes, negociados pelos governos de centro-direita durante a crise que atingiu o país nos últimos anos.

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