França lança plano de 375 bilhões de euros para tentar escapar da recessão
Diante das evidências da chegada da recessão, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, anunciou ontem as grandes linhas de seu plano de "relançamento" da economia. Além da desoneração de impostos sobre produtos industriais, ele confirmou a criação do Fundo Estratégico de Investimentos, um fundo soberano destinado a impulsionar o capital de empresas cujos títulos se desvalorizaram em excesso em decorrência da crise internacional.
As reservas desse fundo podem chegar a 200 bilhões de euros. Esse montante ainda se somará a mais 175 bilhões de euros do Plano Plurianual, que serão investidos entre 2009 e 2012 nas áreas de defesa, transportes, energia, ensino superior e pesquisa.
Medidas do pacote já vinham sendo divulgadas desde o início da semana, quando os seis maiores bancos receberam o aporte de 10,5 bilhões de euros para reabastecer o mercado com crédito. Pequenas, médias e microempresas e construtoras também já haviam sido beneficiadas.
Agência Estado
O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Alan Greenspan, disse ontem que a crise financeira das últimas semanas revelou uma "lacuna" na ideologia capitalista na qual sempre acreditou. "Sim, constatei uma falha. Não sei até que ponto é significativa ou duradoura, mas me deixou bastante desconcertado", admitiu.
Antes tratado com deferência e respeito, o "maestro" Alan Greenspan enfrentou ontem duras perguntas dos congressistas norte-americanos ao ser questionado se não houve negligência das autoridades em relação à atual crise financeira global.
Foram cerca de quatro horas de questionamento sobre a capacidade do mercado funcionar com poucas regras e ter capacidade de reagir sozinho a crises. Acuado, ele admitiu ter errado, mas apenas "parcialmente". Greenspan, acusado de ter permitido o crescimento da bolha imobiliária cuja explosão provocou a crise financeira, foi confrontado com suas próprias declarações pelo presidente do Comitê de Controle de Ação Governamental da Câmara dos Representantes, o democrata Henry Waxman.
"Tenho uma ideologia. Minha opinião é a de que os mercados livres e competitivos são, de longe, a (melhor) maneira de organizar a economia. Testamos a regulação, nenhuma funcionou de verdade", havia declarado Greenspan antes da crise, segundo Waxman. O deputado argumentou que Greenspan "tinha autoridade para interromper as práticas de empréstimos irresponsáveis que alimentaram o mercado de empréstimos imobiliários subprime [de baixa qualidade], mas "rejeitou os apelos para que interviesse".
Waxman fez a pergunta que nunca ninguém tinha feito de forma tão explícita, e em público: "O senhor errou?". Constrangido, o economista respondeu: "Parcial-mente".
Ao elaborar sobre o sistema de livre mercado, disse que encontrou uma falha. Esse defeito, argumentou, foi ter acreditado durante quatro décadas que as próprias instituições que fazem empréstimos fosse capacitadas para proteger o interesse dos seus controladores. Ou seja, que um banco não vai começar a emprestar dinheiro de maneira irresponsável porque sabe que vai à falência.
"Aqueles de nós, eu inclusive, que esperávamos que o interesse próprio das instituições de empréstimo protegesse os acionistas estão em estado de descrença e choque", afirmou.
Para Greenspan, é necessário que sejam definidas algumas "punições" para os grandes bancos que se arrisquem a ponto de ficarem em situação de pré-falência para que não tenham sempre uma vantagem injusta sobre rivais menores.
O ex-presidente do Fed disse ainda que o mercado de crédito vive "uma tsunami que se vê uma vez a cada século". Dirigindo-se aos membros do Comitê encarregado da reforma governamental, Greenspan enfatizou que, na atual situação, "os bancos centrais e os governos se vêem obrigados a adotar medidas sem precedentes" e que os Estados Unidos dificilmente "evitarão um aumento das demissões e do desemprego".
Greenspan sobreviveu no Fed a quatro presidentes, duas recessões, uma década de crescimento, além da grande bolha da internet; bateu o recorde de permanência no cargo (18 anos), tendo sido considerado o salvador da economia mundial ao reagir rapidamente ao "crash" da bolsa de outubro de 1987 e à crise financeira asiática.
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