Gregos depararam-se nesta segunda (29) com bancos fechados e grandes incertezas sobre o futuro do país| Foto: Fotis Plegas/Efe

Milhares de gregos protestaram nesta segunda-feira (29) para apoiar a rejeição do governo a um duro programa internacional de resgate, depois que um embate com credores internacionais levou a Grécia para mais perto de um caos financeiro e forçou o fechamento do sistema bancário do país.

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Com um referendo popular sobre o resgate planejado para domingo, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, colocou sua própria posição em risco, dizendo que respeitaria o resultado da votação, mas não levaria um governo a administrar a “austeridade perpetuamente”.

“Se o povo grego quiser ter um primeiro-ministro humilhado, há muitos assim por aí. Não serei eu”, disse ele em uma entrevista à televisão estatal grega, enquanto acontecia uma das maiores manifestações vistas em Atenas em anos.

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A declaração ocorreu no fim de um dia que começou com gregos surpresos deparando-se com bancos fechados, longas filas em supermercados e grandes incertezas sobre o futuro da Grécia na zona do euro.

Líderes europeus formuladores de políticas, pegos de surpresa pelo anúncio de Tsipras de um referendo nas primeiras horas de sábado (horário local), advertiram que este seria um plebiscito sobre o futuro da Grécia como membro da unidade monetária.

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Os mercados europeus sofriam fortes quedas no meio da sessão, próximas a 4%, afetados pela eventual saída da Grécia da zona do euro se não houver algum tipo de acordo sobre o resgate e os cidadãos do país votarem no domingo a favor de deixar a moeda compartilhada.

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Contra o tempo

Com a Grécia a poucas horas de dar um calote em sua dívida de 1,6 bilhão de euros com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a crise tem aumentado rapidamente.

A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s cortou o rating soberano da Grécia para CCC-, dizendo que há uma possibilidade de 50% de que o país possa deixar a zona do euro.

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Os gregos, acostumados a ver negociações arrastadas com credores que geralmente resultam em um acordo de última hora, ficaram chocados com a virada de eventos. Filas se formaram em frente a caixas eletrônicos e dentro de supermercados, enquanto cresciam os temores de falta de combustível e remédios.

Companhias farmacêuticas disseram que continuarão enviando remédios à Grécia nas próximas semanas, apesar do não pagamento das contas, mas alertaram que o fornecimento poderá em breve estar ameaçado se não houver uma ação de emergência.

O colapso das negociações levou a União Europeia e a zona do euro a águas nunca antes navegadas. A bolsa de valores de Atenas ficou fechada, bem como os bancos, mas outros mercados acionários recuaram por temores de que a Grécia pode estar caminhado para sair do euro.

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“Não posso acreditar”, disse Evgenia Gekou, de 50 anos, moradora de Atenas, a caminho do trabalho. “Fico pensando que vamos acordar amanhã e tudo estará bem. “Estou me esforçando a não me preocupar.”

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Impasse

Após meses de brigas, os parceiros europeus da Grécia colocaram a culpa pela crise em Tsipras por rejeitar um pacote que eles consideraram generoso.

O lado grego argumenta que os cortes de aposentadorias e as altas de impostos exigidos só aprofundariam uma das piores crises econômicas da era moderna em um país onde um quarto da força de trabalho já está desempregada.

Uma pesquisa da Reuters com mais de 70 economistas e operadores realizada nesta segunda-feira mostrou que a probabilidade de a Grécia deixar a zona do euro está em 45%, acima dos 30% de uma semana atrás.