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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

A greve dos bancários chegou ao quarto dia nesta sexta-feira (9) com 10.818 agências e centros administrativos paralisados, segundo a confederação nacional dos bancários.

No país são 23.110 agências em atividade, de acordo com o BC (Banco Central). A federação dos bancos não divulga números.

Em São Paulo, o sindicato informa que 52 mil decidiram cruzar os braços de um total de 142 mil funcionários na capital, Osasco e região. São 23 centros administrativos e 677 agências afetadas pela greve, segundo a entidade.

Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo (CUT), diz que a adesão ao movimento aumenta a cada dia na região por causa da proposta “insuficiente” feita pelos bancos.

A paralisação deve continuar na próxima semana, após o feriado da próxima segunda-feira (12). Na terça, os bancários fazem assembleia às 17h em São Paulo para avaliar os rumos do movimento.

“Estamos percorrendo os locais paralisados e estamos ouvindo a indignação dos bancários. Eles afirmam que foi uma proposta desleal e desmotivadora [dos bancos]”, diz Roberto Von der Osten, presidente da Contraf-CUT.

A greve é por tempo indeterminado e atinge locais de trabalho em todos os Estados e no Distrito Federal.

Procurada, a federação dos bancos não comenta a paralisação nem seus efeitos.

Os bancários têm data-base em 1º de setembro e pedem reajuste salarial de 16% -percentual que corresponde à reposição da inflação mais 5,7% de aumento real.

A categoria pede ainda PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no valor de três salários mais R$ 7.196,84 de parcela fixa adicional e 14º salário.

Em relação ao piso salarial, defende a adoção do salário mínimo calculado pelo Dieese, de R$ 3.299,66, segundo valores de junho.

Os bancos fizeram proposta de 5,5% de reajuste com R$ 2.500 de abono fixo -mas foi rejeitada pelos funcionários.

Perda

Pelos cálculos do Sindicato dos Bancários, a “perda real de 4%” significa que um bancário que recebe o salário médio da categoria iria perder no ano R$ 1.983 em relação a uma proposta que apenas cobrisse a inflação.

A presidente do sindicato, que é uma das coordenadoras do comando nacional da categoria, tem afirmado que esse foi o pior índice oferecido pelos bancos desde 2004.

São mais de 500 mil bancários no Brasil. Eles receberam aumento real de 20,07% no período entre 2004 e 2014. No ano passado, foram 2,02% acima da inflação.

Bancos

Em nota divulgada na ocasião da última rodada de negociação com o comando nacional, a Fenaban (Federação Nacional de Bancos) informou a proposta visava compensar “perdas decorrentes da inflação passada, sem contaminar os índices futuros, o que iria contra os esforços do governo para reequilibrar os fundamentos macroeconômicos”.

Destacou ainda que a proposta mantinha o poder de compra médio da categoria nos últimos doze meses e que, desde 2004, houve um processo de aumento real dos salários dos bancários sem interrupção.

“O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Índices acima das expectativas de inflação podem contribuir para maior dificuldade na queda dos índices inflacionários”, informava a nota divulgada na ocasião.

Além do reajuste salarial, os bancários receberiam participação de 5% a 15% dos lucros dos bancos.

Pelos cálculos da federação dos bancos, essa fórmula de distribuição do lucro, aplicada, por exemplo, ao salário de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, garantiria o equivalente a até quatro salários.

Sobre o abono de R$ 2,5 mil, a Fenaban informou que seria distribuído igualmente para toda a categoria dos bancários sem ser incorporado aos salários.

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