O protesto de caminhoneiros contra a alta do preço do diesel e os valores pagos pelo frete, considerado baixos, cresceu ontem, com um número ainda maior de interdições em estradas de pelo menos sete estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Paraná, pelo menos 37 trechos de rodovias estaduais e federais tiveram o trânsito interrompido total ou parcialmente pelos carreteiros desde o início do movimento. Na região de Curitiba, a BR-116 ficou congestionada pela manhã devido aos protestos nas imediações da Ceasa.
As manifestações, que começaram tímidas na última quarta-feira, são realizadas por iniciativa dos próprios transportadores autônomos e apoiadas por sindicatos. O movimento já prejudica o abastecimento de alimentos e combustível, e a colheita de soja. Embora os bloqueios permitam a passagem de cargas perecíveis, como carne, leite e frangos vivos, no retorno os veículos são barrados e não podem recarregar.
Em muitas cidades do Oeste e Sudoeste paranaense, o medo de ficar sem combustível gerou filas em postos de gasolina e supermercados. Moradores de Pato Branco, Francisco Beltrão, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Dois Vizinhos estão com dificuldade para abastecer os carros.
Em Santo Antônio do Sudoeste, cidade com menos de 20 mil habitantes, a falta de combustível impediu a circulação dos ônibus escolares e fez com que a prefeitura suspendesse as aulas por tempo indeterminado, afetando 1.700 crianças.
Em Foz, a Infraero adotou um plano de contingência e aeronaves particulares menores não estão sendo abastecidas. De acordo com a assessoria da estatal, o estoque de combustível no local era suficiente até a meia-noite de hoje. Alimentos de hortifrúti estão em falta em algumas cidades da região, segundo Edi João D’Alberto, diretor da Associação Paranaense de Supermercados. “Estes produtos vêm de Curitiba e, por serem perecíveis, os estoques duram apenas 48 horas”, afirmou.
“Desespero”
De acordo com o presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), José Araújo Silva, a mobilização mostra que os autônomos estão “em situação de desespero”. “O frete está como a água do Cantareira, não existe: se não houver um reajuste, a maioria dos caminhoneiros não chega até o fim do ano.”
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