Curitiba e Cascavel O juiz federal Nicolau Konkel Júnior deferiu no fim da tarde de ontem liminar autorizando os frigoríficos do Paraná a contratar veterinários particulares para emitir o certificado sanitário dos animais abatidos, exigência para a venda de carnes tanto no mercado interno quanto para a exportação, substituindo os fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em greve desde ontem. A paralisação reduziu em 80% o abate de bovinos e suínos no estado, segundo o Sindicato da Indústria de Carne e Derivados do Paraná (Sindicarne).
Konkel Júnior, que atua na Seção Judiciária Ambiental da Justiça Federal, em Curitiba, atendeu a mandado de segurança impetrado pelo Sindicarne. Segundo Gustavo Fanaya, economista do sindicato, ontem foram abatidos apenas 20% dos 16 mil suínos e 7 mil bovinos da média diária nos frigoríficos paranaenses com Serviço de Inspeção Federal (SIF). Desses volumes, 85% ficam no mercado interno e 15% vão para exportação.
Além da inspeção sanitária dos animais abatidos, a greve, de abrangência nacional, prejudica a fiscalização de cargas de origem animal e vegetal nos portos, aeroportos, e áreas de fronteira e a fiscalização da produção de qualquer insumo agropecuário, como vacinas e rações. No Paraná, os fiscais só estão trabalhando nas ações de combate à aftosa e de prevenção à gripe aviária, na fiscalização da bagagem de passageiros de vôos internacionais no Aeroporto Afonso Pena, e na liberação, na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, de produtos perecíveis exportados ao Paraguai.
Kennedy Fernandes Martins, fiscal paranaense que integra o comando de greve, informou que apenas 20 (8,8%) dos 228 profissionais que atuam no Paraná trabalharam ontem. "Se houver necessidade, podemos aumentar esse número, porque temos compromisso com as ações contra a aftosa e a gripe aviária", afirmou Martins. O delegado federal do ministério no Paraná, Valmir Kowalewski de Souza, informou que só hoje terá uma avaliação do número de funcionários parados.
Setor avícola
A greve também afeta o transporte de frangos no Paraná. A paralisação ocorre justamente num momento de preocupação dos frigoríficos com a gripe aviária. Foram suspensos serviços como a emissão de certificados de transporte, registros de produtos e atividades de fiscalização vegetal e animal e as empresas não puderam transportar as cargas de frango.
Uma das prejudicadas é a Globoaves, de Cascavel, que produz diariamente 300 toneladas de frango, 90% para exportação. Desde a tarde de ontem, nenhum caminhão saiu do pátio da empresa, segundo o gerente industrial, Aílton Biazus. "Se a greve durar três dias, teremos que parar a produção", avisa Biazus. O frigorífico abate 150 mil aves/dia. A produção, que deveria sair imediatamente para o mercado, está sendo estocada.
A fiscalização federal também está parada na cooperativa Coopavel, que abate mais de 150 mil aves/dia, além de operar com o abate de bovinos.
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