Foz do Iguaçu O movimento de cargas agropecuárias na Estação Aduaneira e Interior (Eadi) de Foz do Iguaçu caiu 30% com a greve dos fiscais agropecuários. O protesto, retomado pela terceira vez este ano, completou ontem seis dias. A justiça determinou que os funcionários trabalhem com 60% do efetivo nas fronteiras, portos, frigoríficos e aeroportos.
O presidente da Associação dos Fiscais Agropecuários do Estado do Paraná (Afama), Clemente Martins, diz que a categoria já ingressou com ação na Justiça para retomar o direito de trabalhar com 30% do efetivo durante a greve. "Isso de certa forma é um direito de greve", diz. Segundo ele, os resultados da paralisação no estado, principalmente no Porto de Paranaguá, passarão a ser mais evidentes a partir da próxima semana. No Porto de Paranaguá, 60% dos 25 funcionários estão trabalhando em sistema de rodízio e dando prioridade para liberação de cargas perecíveis.
Em Foz do Iguaçu, o fiscal agropecuário Jorge Vendrúscolo diz que antes da greve chegavam ao ministério uma média de 120 requerimentos ao dia para o despacho de cargas. Após a retomada do movimento, o número caiu para 80, totalizando redução de pelo menos 30% nos processos. Segundo ele, as empresas evitam carregar principalmente caminhões com farinha de trigo e adubo. Esses produtos não têm preferência na liberação porque não estragam com facilidade.
Em Foz do Iguaçu, pelo menos seis dos 11 fiscais estão trabalhando em regime de revezamento. A prioridade é para liberação de cargas perecíveis e animais vivos. Para evitar filas na BR-277, os caminhões ficam parados em postos de gasolina ou estacionados no pátio no GTC Charrua. Como o movimento de cargas está menor, ontem cerca de 600 veículos estavam na Eadi, onde há vaga para 690.
O motorista Cleucir Leiria, 48 anos, era um deles. Ele está parado na Eadi há oito dias e não tem perspectiva de sair logo porque carrega carga de trigo sem preferência na liberação. "Os fiscais não querem trabalhar e tiram nosso direito de trabalhar", afirma.
No limite
Segundo o diretor de Comércio Exterior da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), Mário Camargo, as empresas da fronteira estão segurando as cargas até o limite. "O pessoal está transportando à medida que os prazos estão vencendo." Camargo salienta que a situação na fronteira pode piorar caso comece a chover no Paraguai e os agricultores não tenham em mãos fertilizantes e sementes que estão no lado brasileiro aguardando a liberação, para iniciar o plantio.
Os fiscais agropecuários reivindicam reajuste de 45% no salário-base, além de melhores condições de trabalho, reavalição da gratificação e a criação de uma escola superior de fiscalização agropecuária. Após a volta do movimento na semana passada, as negociações entre fiscais e governo não foram retomadas. O governo ameaça cortar o ponto dos funcionários grevistas.